Três interlocutores da presidente Dilma Rousseff informaram na noite desta terça-feira que o ministro Aloizio Mercadante deve deixar a Casa Civil. Ele continuará no governo, provavelmente no Ministério da Educação, pasta que já ocupou anteriormente. O nome mais cotado para a Casa Civil, segundo as fontes, é o atual ministro da Defesa, Jaques Wagner, que ontem esteve no Planalto com a presidente. Seu nome vem sendo defendido pelo ex-presidente Lula desde o ano passado.
Também nesta terça-feira, Dilma demitiu, por telefone, o ministro da Saúde Arthur Chioro. Foram apenas dois minutos de conversa para informar que o tempo dele no governo havia acabado. A informação foi antecipada no meio da tarde pelo blog do colunista Ancelmo Gois, do GLOBO. O ministério será a principal oferta da presidente para tentar garantir a fidelidade da bancada de deputados do PMDB.
No início da noite, o Palácio do Planalto confirmou a demissão por telefone, mas informou que a ligação foi uma formalidade, pois o ex-ministro já sabia que iria deixar a pasta desde quinta-feira da semana passada, quando foi recebido pela presidente. Assessores dela disseram, no entanto, que Dilma se irritou com uma mobilização promovida por aliados de Chioro nas redes sociais durante todo o dia defendendo a permanência do ministro, mesmo com ele já sabendo que sua pasta provavelmente seria entregue para o PMDB.
Após postergar a reforma ministerial para esta semana, Dilma se vê em meio a um xadrez para conseguir cortar ministérios e, ao mesmo tempo, contentar os aliados. Ontem, em conversa com o vice Michel Temer, Dilma sinalizou que dará ao PMDB sete ministérios. O partido comanda atualmente seis. Ela afirmou ao vice que foi aconselhada a isso pelo ex-presidente Lula e pelo governador do Rio, Luiz Fernando Pezão. Mas não está sendo simples fechar as contas. Para cortar dez ministérios e dar sete ao PMDB, o espaço que o PT terá de perder crescerá.
— Para salvar o governo, vamos piorar o governo — disse o senador Jorge Viana (PT-AC).
Ainda assim, a presidente decidiu manter o compromisso firmado com a bancada peemedebista na Câmara. A expectativa é que Dilma anuncie as mudanças até amanhã. Segundo pessoas próximas a Leonardo Picciani (RJ), líder da bancada do PMDB na Câmara, auxiliares de Dilma reafirmaram para o líder que as pastas que serão ocupadas pela bancada serão Saúde e Portos.
Segundo deputados do PMDB, Picciani vem trabalhando para fortalecer o nome de Celso Pansera (PMDB-RR), que é ligado ao seu pai, o presidente da Alerj, Jorge Picciani, e ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Pansera foi apontado como “pau mandado” de Cunha pelo doleiro Alberto Youssef, preso na Lava-Jato. O nome de Marcelo Castro (PMDB-RJ) se fortaleceu para ocupar a Saúde.
Há dúvida sobre qual seria a 7ª pasta, que poderia ser a da Cultura ou da Ciência e Tecnologia. O PMDB manteria Minas e Energia, Agricultura, Aviação Civil e Turismo.