Apesar da grave crise econômica que o País enfrenta, até julho o Paraná conseguiu manter positivo seu saldo de empregos, que é o resultado da subtração entre as contratações e as demissões realizadas. Isso só foi possível graças às indústrias de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico. Até aquele mês, o setor havia feito 5.328 contratações a mais que demissões no Estado, e o saldo geral era de 850 vagas. Em agosto, o indicador do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) no Paraná passou para negativo (-7.344). Mas, a indústria de alimentos ainda tinha um bom saldo positivo de 4.936 empregos.
A situação econômica do País não desencorajou, por exemplo, a Copacol – cooperativa com sede em Cafelândia (Oeste), de manter a expansão planejada para a atividade agroindustrial. Entre os investimentos está a duplicação da produção de peixes, de 70 mil para 140 mil toneladas, ao custo de R$ 50 milhões.
A Copacol também está investindo R$ 40 milhões em um projeto para aumentar a produção de suínos, de 18 mil para 25 mil por mês. E vai enviar em breve um projeto para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para tomar R$ 120 milhões para outros investimentos.
“Os juros subiram. Nosso desafio é maior. Mas acreditamos nesse processo de industrialização do produto primário (milho e a soja) em carne”, afirma o presidente da cooperativa, Valter Pitol. Ele alega que, mesmo em crise, há oportunidades para negócios. E que todo o sistema cooperativista paranaense voltado ao agronegócio estará “agregando valor aos produtores primários” em médio e longo prazos, tanto para o mercado interno como para exportação.
Outra cooperativa que manteve seus investimentos, apesar do cenário adverso, é a Coopavel, com sede em Cascavel (Oeste). O presidente, Dilvo Grolli, afirma que 83% de tudo que a empresa vende tem valor agregado. “Exportamos 40 mil toneladas de frango, 2 mil de outras carnes, 35 mil toneladas de óleo de soja, 20 mil de farelo, e só 20 mil em grãos”, declara.
O presidente acredita que a agroindústria do Paraná tem muito espaço para crescer. “Temos todas as condições de transformar grãos em carnes e outros derivados. O Estado tem 700 quilômetros de ponta a ponta, boas rodovias, um porto próprio, e boa oferta de mão de obra e de matéria-prima”, declara.
Para Grolli, o principal desafio do setor é a obtenção do certificado de território livre de aftosa sem vacinação pelo Estado. Só assim, as carnes processadas conseguirão chegar aos mercados mais exigentes.
Integrada
A agroindustrialização é um dos principais instrumentos que fazem a Integrada planejar a duplicação de seu faturamento até 2018, atingindo R$ 4 bilhões. A cooperativa produz suco de laranja, derivados de milho e ração. O presidente da empresa, Jorge Hashimoto, afirma que a crise econômica preocupa, mas não a ponto de reduzir os investimentos. “A energia elétrica, que é um dos principais insumos da indústria, subiu muito. Mas estamos debruçados nessa questão para ver em que podemos economizar para compensar esse aumento”, declara.
Ele conta que a Integrada exporta suco de laranja para mais de 20 países. No ano passado, a indústria da cooperativa, que fica em Uraí (Norte Pioneiro), processou 1,3 milhão de caixas de laranjas. Para 2015, o planejamento é processar mais de 1,5 milhão de caixas. “Toda nossa produção de suco é exportada”, explica.
Ainda não inaugurada oficialmente, a nova indústria de derivados de milho da Integrada, em Andirá (Norte Pioneiro), permitirá que, já neste ano, a produção aumente de 12 mil toneladas para 15 mil toneladas por mês. Para 2016, serão 23 mil toneladas e, para 2017, 32 mil toneladas/mês. “Investimos R$ 10 milhões nesta planta”, conta o presidente.
De acordo com Hashimoto, a Integrada tem um leque de 25 produtos de derivados do milho que atendem clientes nacionais como Pepsi, Kellogg´s, e Ambev. Com a nova fábrica, a intenção é intensificar as vendas para o mercado externo.
No início do próximo ano, segundo o presidente, a cooperativa começa a construir sua nova fábrica de ração, que será em Londrina, próximo ao Parque Ney Braga (zona oeste). Com investimentos de R$ 25 milhões, a planta terá capacidade inicial para 50 mil toneladas por ano.