“Fervor no campo” – é assim que a Revista Chacra, a mais tradicional publicação do agronegócio argentino, define o momento vivido pelo setor rural com a confirmação de Maurício Macri como presidente eleito. A expectativa é grande pelo cumprimento das promessas de campanha, que incluíam o fim das “retenções”, a abertura às exportações e um ajuste cambiário – o que na prática significa a desvalorização do Peso. Todas essas medidas terão um impacto direto e significativo nas relações comerciais com o Brasil.
“Esperávamos essa mudança”, “era preciso um canal de diálogo e consenso”, “queriamos outra forma de fazer política”, foram algumas das expressões usadas pelos principais dirigentes de entidades rurais que integram a “Mesa de Enlace” – uma associação das principais organizações do setor na Argentina (CRA, Coninagro e Sociedade Rural Argentina).
Durante sua campanha, Macri afirmou que vai eliminar as chamadas “retenciones” (impostos sobre exportações) no milho, trigo, produtos de economias regionais e todos os grãos. A exceção seria a soja (cultura de maior produção no país), que teria uma redução gradual de 5% ao ano.
“Acaba uma forma de fazer política por impostos, sem ouvir ninguém nem considerar os resultados. Abre-se uma etapa de consenso entre o setor público e privado, uma etapa onde impera a ciência e a tecnologia sobre a ideologia. Esperemos que haja mais inserção no mundo. Vão assumir pessoas que entendem sua função de servidores. Hoje o campo está dizimado, em situação de falência”, afirmou
Dardo Chiesa, presidente das Confederações Rurais Argentinas (CRA). Luis Etchevehere, presidente da Sociedade Rural Argentina, destacou: “Estamos muito orgulhosos dos homens e mulheres do campo que participaram massivamente, contribuindo para garantir a transparência. Como sempre o campo está a disposição para contribuir com o desenvolvimento do país. O potencial do setor segue sendo enorme, e por isso está em condições de mobilizar-se rapidamente para contribuir em superar o estancamento da economia”.
Presidente da Coninagro, Egidio Mailland tem opinião semelhante. “É o que o campo esperava. Que venha uma mudança fundamental. Será muito difícil a largada, levará um tempo para mudar a situação. Pedimos a este governo (atual) que mudasse, porque estava nos levando a um caminho ruim, mas transformaram tudo em um confronto ideológico”, sustentou o dirigente.