Depois de amargar queda nas vendas de ração para bovinos no ano passado, a Nutreco Brasil, braço da multinacional holandesa de nutrição animal no país, inicia 2014 sob nova direção e com metas de crescimento ambiciosas.
Aposentado há cerca de três anos, o veterinário Luciano Roppa aceitou o convite do grupo e assumiu, no dia 1º, o comando da subsidiária brasileira com a meta de triplicar seu faturamento até 2018. Em 2012, as vendas somaram R$ 270 milhões. O executivo estima que a Nutreco chegará a R$ 340 milhões já neste ano.
Para triplicar o faturamento em cinco anos, a Nutreco deverá retomar aquisições e investir na construção de novas fábricas, afirmou Roppa ao Valor. A chegada do executivo e os investimentos na ampliação da capacidade de produção representam a terceira etapa da Nutreco no país. Uma das cinco maiores empresas de nutrição animal do mundo – com faturamento anual de quase € 4 bilhões, presença em 30 países e 80 fábricas -, a companhia chegou ao Brasil em 2009, com a aquisição de 51% do capital da Fri-Ribe, especializada em rações para peixes criados em cativeiro, equinos e bovinos.
Dois anos depois, naquela que seria a segunda etapa da expansão da companhia no país, a Nutreco elevou sua participação na Fri-Ribe para 97% e adquiriu a paulista Belmann, empresa de ração com foco no mercado de bovinos. Com isso, a Nutreco conta hoje com sete fábricas no Brasil (ver mapa ao lado).
Segundo Roppa, essas unidades têm capacidade para produzir 210 mil toneladas por ano – 120 mil de sal mineral voltados para o mercado de bovinos e 90 mil para o segmento de aquicultura. Trata-se de um produção ainda acanhada se comparada ao tamanho do ainda pulverizado mercado brasileiro de rações.
De janeiro a setembro de 2013, as indústrias instaladas no país produziram cerca de 6 milhões de toneladas da ração para bovinos e 550 mil de ração para peixes, de acordo com a última estimativa do Sindirações.
Nesta terceira fase de expansão, a Nutreco pretende ingressar na produção de ração para aves e suínos, segundo Roppa. “Claramente, faltam suínos e aves no nosso portfólio”, afirmou. Juntos, os dois segmentos respondem por cerca de 60% da produção nacional de ração.
Apesar da disposição para o crescimento orgânico, a Nutreco dará prioridade às aquisições. “Por um preço razoável, a compra sempre é mais interessante porque você ganha tempo e mercado. Quando você constrói uma fábrica, leva um ano na construção e mais um ano para ganhar mercado”, afirmou Roppa.
Nesse contexto, as aquisições nas áreas de aves e suínos são estratégicas, uma vez que os dois segmentos apresentam tendência de estabilidade na produção, tornando mais difícil abocanhar mercados a partir de uma nova unidade.
As primeiras aquisições, no entanto, podem levar tempo. Ainda que não descarte que algum negócio aconteça neste ano, Roppa ressalta que poderá levar até um ano e meio para elaborar o plano de crescimento e prospectar aquisições.
Segundo Roppa, a múlti holandesa não definiu um montante a ser gasto com as aquisições, mas isso não deverá ser um entrave devido à importação do Brasil na estratégia global da companhia. “Eles elegeram três áreas prioritárias: China, Rússia e Brasil. O grupo está enfrentando dificuldades na China devido à cultura e legislação, enquanto que o Brasil tem se mostrado mais aberto”, afirmou ele.