Após menos de três meses de negociações, os acionistas da concessionária de ferrovias ALL e a empresa de logística Rumo devem selar, na próxima semana, a união das duas companhias. A Rumo, controlada pelo grupo Cosan, do empresário Rubens Ometto, representará entre 35% e 40% do novo negócio e a ALL, os restantes 65% a 60%.
A companhia resultante da fusão – cujo nome ainda não está definido – será gerida por um acordo de acionistas do qual participarão apenas Cosan, TPG e Gávea (os fundos de investimento minoritários na Rumo) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). As negociações para o acordo de acionistas ainda não foram concluídas.
Ao final, a Cosan, de Ometto, terá entre 25% e 30% da ALL. Wilson De Lara e Ricardo Arduini, atuais controladores da ALL, saem do acordo de acionistas, mas mantêm suas participações acionárias na empresa e, possivelmente, assento no conselho. Ao fim da transação, eles terão cerca de 7% do capital. O BNDES, maior acionista isolado da ALL atual, terá aproxima-damente 8% da companhia resultante.
A nova ALL vai operar 13 mil km de ferrovias, mais de mil locomotivas, 29 mil vagões, um terminal exclusivo de açúcar, participações em outros terminais de grãos e acesso aos portos de Santos, Paranaguá e Rio Grande.
Com a transação, a disputa entre ALL e Rumo, em torno de um contrato bilionário fechado em 2009 para transporte do açúcar, desaparece. O acordo perderá razão de existir e os acertos entre as partes para extinção do contrato já foram considerados na definição do valor das duas empresas para a fusão.
A transação não contará, como cogitado inicialmente, com uma capitalização de R$ 1 bilhão da Rumo, que seria feita por Cosan, TPG e Gávea.
A Rumo, excluídos os valores do contrato com a ALL, deve agregar cerca de R$ 400 milhões em lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ao negócio da companhia ferroviária. Para a ALL, além de complementar sua operação com os terminais pertencentes à Rumo e a operação no porto de Santos, a fusão elimina o risco de despesas, devido ao contrato de 2009, que somente neste ano geraria uma conta de R$ 400 milhões.