A alta de preços entre os alimentos in natura já se fez perceber na inflação ao consumidor medida pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Segundo o economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV) André Braz, essa categoria de produtos costuma refletir quase que instantaneamente os preços no atacado.
Se por um lado os alimentos in natura foram fonte de pressão em fevereiro, neste mês os alimentos processados devem ocupar esse espaço. “A aceleração do preço de commodities garante uma aceleração também nos processados”, explicou Braz. Segundo ele, a desaceleração nos alimentos foi possível justamente porque esta classe ainda não incorporou os efeitos da seca – o que deve ocorrer em março.
A batata inglesa, que intensificou a queda em fevereiro (-3,28% para -8,12%), está entre os itens que vão acelerar. “Esse número negativo não vai continuar”, disse Braz.
“A alimentação ainda vai sofrer um pouco mais com os efeitos da soja e a repercussão sobre os preços das rações, além de alguns produtos in natura”, acrescentou o economista. Outro destaque serão as carnes, já que os produtores de bovinos, mesmo entrando com a ração (devido à falta de pasto por conta da estiagem), não garantem a mesma gordura que o animal obtém no pasto. “O produtor tem perda, e isso deve refletir no preço”, adiantou Braz.
Mesmo assim, o economista aposta que a “queda de braço” promovida entre os in natura e os processados deve ser benéfica à alimentação, que deve continuar em desaceleração em função de altas menores em hortaliças e legumes e em frutas. “Uma taxa de 0,82% não é baixa. Para março, alimentos in natura podem chamar menos atenção. Há espaço para desaceleração, embora alta deva ser mais espalhada, e para um IPC próximo de 0,5%”, explicou.