Na hora de traçar o planejamento do que plantar no próximo ciclo, a opção pelo milho deve ser a mais difícil de ser tomada pelo produtor mato-grossense, já que o grão além de ter menos liquidez em relação à soja, é mais vulnerável às pressões de mercado e a exemplo do que ocorreu em maio de 2012, pode elevar as cotações do dia para noite, em função da confirmação dos problemas climáticos sobre as lavouras norte-americanas naquela safra. Os números mostram esse vai e vem do cereal, em Mato Grosso. Nas últimas seis safras a área plantada encolheu a cada dois anos, enquanto a soja manteve trajetória ascendente.
Nesses últimos seis anos, em Mato Grosso, a cultura foi a que mais oscilou em comparação com a performance da soja e foi a que mais cresceu territorialmente no período: 93,30%, enquanto a superfície dedicada à sojicultura variou positivamente, 33,4%. Utilizado como opção de larga escala na segunda safra mato-grossense, mesmo ‘temperamental’, o grão produzido na safrinha fez Mato Grosso atingir mais um recorde para sua agrocoleção, agora o de maior produtor de milho do país, mesmo com a oferta limitada à segunda safra.
Conforme análise do Diário sobre o banco de dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), a cultura – que é semeada após a colheita da soja, que é a principal do calendário agrícola – ocupou no período, em média, 36% da área que foi primeiramente coberta com a soja. No entanto, as oscilações mostram que o cereal atingiu cobertura abaixo de 30%, na safra 2008/09 e foi ao recorde de 46,77% na safra 2012/13. Em 2008/09, foram cultivados no Estado 5,70 milhões de hectares (ha) de soja, dos quais 1,67 milhão voltaram a ser semeados com milho. Na safra passada, a soja ocupou 7,91 milhões, dos quais 3,70 milhões receberam milho. Para esta safra, o Imea estima que dos 8,29 milhões ha de soja, 39% sejam aproveitados com o cereal, o que daria uma área plantada de 3,24 milhões ha. Como o Imea deve rever a projeção em função de atrasos na colheita da soja, em função da chuva, e do encerramento da janela do milho, é possível que a proporção de reaproveitamento da área seja ainda menor. De qualquer forma, a atual perspectiva é a menor dos últimos dois anos para Mato Grosso e a média volta ao patamar das safras 2008/09, 2009/10 e 2010/11.
Em relação ao preço e à produtividade, o cereal também oscila. Beneficiado pelo regime de chuvas, a rentabilidade por hectare passou de a 103 sacas na safra 2011/12, 102 sacas ano passado e para este ciclo estimam-se 87,6%. Em 2009/10, foram 66,8 sacas.
Sobre as cotações, a saca foi do céu ao inferno em uma safra. Depois de cerca de R$ 20 em setembro de 2012, chegaram abaixo de R$ 10 no ano passado, justamente em uma safra que o custo de produção variou entre R$ 12 e R$ 16. Como disse um produtor que preferiu o anonimato, “O milho e salvação ou perdição da lavoura. O lucro de safra depende dele”.