O ministro da Agricultura, Neri Geller, afirmou ontem que não cogita proibir neste momento as importações de suínos vivos e plasma suíno dos Estados Unidos, país que vem sofrendo com um surto do vírus da diarreia suína epidêmica (PED, na sigla em inglês). “Neste momento, não [cogitamos]”, afirmou Geller, após reunião na sede da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), em São Paulo.
Diante dos temores de que a doença chegue ao Brasil e atinja o plantel suíno nacional, a ABPA havia solicitado a proibição das importações de suíno e plasma. Além de ter afetado 60% do rebanho reprodutor dos EUA, a doença já atinge México, Canadá, além de Colômbia e Peru.
Conforme o ministro, todas as importações de suíno vivo para reprodução e plasma suíno oriundas de países que já tenham notificado o vírus da PED terão sua documentação burocrática de liberação concentrada em Brasília. Antes, cada Estado do país cuidava da documentação, explicou o vice-presidente para a área de suínos da ABPA, Ruy Vargas.
Segundo Vargas, outra medida importante para evitar que o vírus da PED chegue ao Brasil é a ampliação da estação quarentenária de Cananeia, no litoral sul de São Paulo, inaugurada ontem. Com a nova estrutura, todos os animais vindos de países que já notificaram o vírus da PED passarão por uma “quarentena” durante um mês. De acordo com o vice-presidente da ABPA, a quarentena na importação de suínos já existia, mas ela era feita em estabelecimentos credenciados pelos importadores. A partir agora, Cananeia é o destino obrigatório para os animais importados.
Além da inauguração estrutura de quarentena, o Ministério da Agricultura informou ontem que enviará fiscais federais agropecuários para aos EUA para certificar se os americanos estão cumprindo as condições sanitárias exigidas pelo Brasil.
Na viagem a São Paulo, o vírus da PED não foi o único assunto na pauta do ministro Neri Geller. Ainda na sede da ABPA, ele se reuniu a sós com Ariovaldo Zani, vice-presidente executivo do Sindirações, entidade que representa a indústria de ração, e com o diretor global de assuntos corporativos da BRF, Marcos Jank.
Conforme Zani, o principal pleito do setor de rações é a desoneração tributária, mas ele reconheceu que qualquer decisão nesse sentido extrapola a alçada do ministro. No entanto, Zani disse que o ministro está alinhado com o setor privado. Jank também elogiou Geller, mas não detalhou a pauta do encontro. Ele descartou ter tratado com o ministro da tributação de lucros de empresas no exterior, tema caro à BRF.