Conhecida por sua agressiva expansão no segmento de carnes nos últimos anos, a brasileira JBS, maior empresa de proteínas animais do mundo, também já aparece como uma das principais produtoras de biodiesel do país – a maior quando se trata do biocombustível feito à base de sebo.
Com faturamento anual da ordem de R$ 400 milhões no segmento, valor crescente desde o início das operações de sua planta em Lins (SP), em 2007, a companhia enxerga, no momento, boas perspectivas nos mercados internacional e doméstico para expandir a produção e acelerar esse avanço.
No front externo, a JBS comemorou em maio a primeira exportação do biocombustível que produz no interior paulista. Conforme Alexandre Pereira, diretor de biodiesel da companhia, o negócio envolveu 6,7 milhões de litros (6 mil toneladas) vendidos para a holandesa Argos, que foi a responsável direta pelo embarque, realizado no porto de Paranaguá (PR).
Com forte atuação no norte da Europa, a Argos é uma distribuidora que importa biocombustíveis (etanol e biodiesel), mistura-os aos combustíveis fósseis segundo os percentuais autorizados nos diferentes mercados e vende os produtos finais, inclusive a outras empresas do seu segmento.
“Estávamos observando o mercado externo há tempos, mas os preços praticados não estavam atraentes. Foi quando apareceu essa oportunidade de negócio com a Argos”, disse Pereira. Segundo ele, a JBS vendeu seu biodiesel para exportação com um ágio entre 5% e 7% sobre o valor de mercado do último leilão do biocombustível realizado no país (R$ 1,88 o litro, incluindo PIS e Cofins).
“Foi um primeiro teste. Não há nenhum outro embarque já definido, até porque os preços caíram um pouco no mercado internacional, mas analisamos ofertas todos os dias”, afirmou.
De acordo com Pereira, pesou no negócio com a Argos o fato de o biodiesel da JBS ter o selo International Sustainability and Carbon Certification (ISCC). A rastreabilidade do biocombustível é garantida pelo fato de o sebo sair dos frigoríficos da empresa. “Temos um circuito fechado, e para a Argos essa foi uma questão determinante”.
Se as vendas no mercado externo estão no início e ainda envolvem volumes pequenos, no doméstico as perspectivas de crescimento são mais vigorosas. Isso porque o governo finalmente autorizou a elevação da mistura de biodiesel no diesel comercializado no país de 5% para 6%, a partir de 1º de julho, e para 7% em novembro.
Com isso, prevê Pereira, a demanda tende a crescer a ponto de reduzir consideravelmente a ociosidade da planta de Lins. A unidade – “a maior de biodiesel de sebo do mundo”, de acordo com Pereira – tem capacidade para produzir 201 milhões de litros por ano e atualmente trabalha com cerca de 55% de seu potencial.
“Depois de novembro, esse percentual poderá chegar a 85%”, disse ele. O sebo é a segunda matéria-prima mais usada para a produção de biodiesel no Brasil, depois da soja. Responde, em média, por 20% da oferta do biocombustível, mas em alguns períodos do ano, por conta da sazonalidade do grão, chega a representar 30%.
Se tudo correr como espera a JBS, no futuro próximo é de se estimar alguma ampliação na capacidade de produção de biodiesel da empresa. Não há nada concreto nesse sentido, mas Pereira realçou que uma eventual expansão da planta de Lins será “simples e rápida”.