Uma situação logística incomum – a interdição parcial da ponte sobre o rio Uruguai na BR 158, divisa Rio Grande do Sul e Santa Catarina com 1003 metros de extensão – está infernizando a vida de uma vasta região produtiva do sul do País e gerando pesados prejuízos econômicos. O presidente da Organização das Cooperativas de Santa Catarina (Ocesc), Marcos Antônio Zordan, considerou a situação um “descalabro nacional”.
O problema se arrasta desde novembro do ano passado quando motoristas e pedestres alertaram as autoridades sobre balanços e movimentações excessivas das estruturas da ponte localizada entre os municípios de Irai (RS) e Palmitos (SC), nas microrregiões do noroeste sul-rio-grandense e oeste catarinense. Além de situar-se no traçado da BR158, a ponte marca o quilômetro zero da BR-386.
Técnicos do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) inspecionaram, na época, a ponte e decretaram situação de emergência. Após diversas vistorias na estrutura, engenheiros e projetistas da autarquia constataram falhas em um dos vãos. As placas da ponte se movem em condições acima do considerado normal. Com o movimento intenso, as proteções laterais, em concreto, também foram danificadas. Embaixo, é possível perceber que há infiltração nas emendas. O DNIT acredita que a movimentação da ponte esteja ligado ao desgaste das borrachas que calçam a estrutura.
O documento elaborado pelo DNIT foi encaminhado ao Ministério dos Transportes, em Brasília e a obra emergencial na ponte, com dispensa de licitação, já deveria estar concluída, mas nunca foi contratada.
“Essa situação absurda causa enormes prejuízos para toda a região”, resume Zordan. Desde novembro do ano passado o tráfego ocupa apenas meia pista. Com as cheias de junho deste ano, a situação agravou-se. Desde o dia 11 deste mês de julho, além de meia pista, só podem transitar automóveis e caminhões com no máximo 16 toneladas. Ou seja: o transporte pesado não pode mais utilizar uma das principais ligações entre os dois Estados do extremo sul do Brasil.
Deixam de passar pela região mais de 1.000 carretas por dia. Agora, esses veículos pesados fazem desvios de mais de 200 quilômetros mais ao oeste (via Tenente Portela, Itapiranga) ou mais ao leste (via Chapecó, Nonoaí). “Essa situação dificulta e encarece a circulação de máquinas, equipamentos, grãos, aves e suínos”, prejudicando as empresas, as cooperativas, os consumidores e os municípios “, assinala o presidente da Ocesc.
Além dos prejuízos para as empresas que dependem do transporte de matérias-primas, produtos e mercadorias, com o fim do transporte pesado, o comércio regional está sofrendo: caiu em 70% o movimento dos postos de combustíveis, mecânicas, restaurantes, borracharias e hotéis do entorno da ponte.
O DNIT está sinalizando os trechos próximos à ponte para que os motoristas possam pegar rotas alternativas.