Aquisições de unidades de aves pela JBS, maior processadora de carnes do mundo, elevaram a fatia da empresa no mercado brasileiro, reduzindo a distância para a líder BRF.
Mas esse avanço da JBS –um novo passo foi dado nesta segunda-feira– ainda não é capaz de abalar a posição da BRF como principal empresa em carne de frango no país, avaliou analista do setor.
“Aumentando o share (participação), a JBS certamente se coloca como competidor mais representativo no mercado…, mas a empresa ainda terá que se organizar bastante em aves e suínos para chegar a competir com força com a BRF”, avaliou a analista da consultoria Agrifatto, Lygia Pimentel.
A JBS anunciou nesta segunda-feira acordo para comprar os negócios de aves da norte-americana Tyson Foods no Brasil e no México por 575 milhões de dólares, em mais um lance na expansão da sua carteira de ativos neste segmento, após a aquisição recente do grupo local Céu Azul.
A JBS atualmente conta com uma capacidade de abate diário de entre 4,5 milhões a 4,6 milhões de aves, que deve subir a quase 5 milhões com a incorporação da divisão de aves da norte-americana Tyson no país, informou uma fonte com conhecimento da operação, que pediu para não ser identificada.
A BRF, a maior exportadora de carne de frango do mundo, conta atualmente com uma capacidade de abate diário de aproximadamente 7 milhões de frangos no Brasil.
Avanço no setor
A JBS iniciou sua operação no segmento de aves no Brasil por meio do arrendamento dos ativos da Frangosul em 2012, o que elevou em 15 por cento sua capacidade global de abates. Mas, na época, o negócio tinha o mercado externo como foco.
Em 2013, a JBS adquiriu a Seara Brasil, expandindo suas operações de frangos e suínos no país e acirrando a competição no mercado doméstico.
A incorporação da Seara também elevou a JBS à posição de maior processadora de frangos do mundo, com capacidade de processar 12 milhões de aves por dia, contando com ativos nos Estados Unidos.
Em conversa recente com a Reuters, o diretor de Relações com Investidores da JBS, Jeremiah O’Callaghan, disse considerar que este setor tem espaço para consolidação.
“Vejo este mercado agora parecido com o de bovinos algum tempo atrás, quando frigoríficos tiveram dificuldades, entraram em recuperação (judicial) e depois passaram por uma consolidação”, disse o executivo.
A avicultura brasileira sofreu forte abalo em 2012, quando o salto nos custos com insumos e uma restrição levou a demissões e deixou algumas empresas do setor em dificuldades financeiras.