Em 2020, seremos cerca de 8 bilhões de habitantes no mundo e a pressão por alimentos será maior sobre os países com terras disponíveis para a produção. O mundo estará de olho no Brasil e o impacto do aumento do consumo será relevante no mercado de carnes.
Esse assunto foi discutido, durante o VII Simpósio Brasil Sul de Suinocultura, em Chapecó (SC), na palestra de abertura promovida pela NFT Alliance. Lygia Pimentel, médica veterinária e analista de commodities, levou aos participantes informações sobre as tendências do mercado de carnes, sobretudo da carne suína.
Ela explicou que o complexo carnes no mercado internacional está em recuperação e que, apesar de ter registrado queda no ano passado, ainda permanece em níveis historicamente bons. “Nós sofremos um pouco no último ano, perdemos parte das exportações, decrescemos 20% em volume em comparação ao ano passado, mas o faturamento melhorou, principalmente, por conta da firmeza do dólar”, explica.
A moeda americana já atingiu R$ 2,40 esse ano, voltou para R$ 2,20, mas, segundo a especialista, ainda está em patamar interessante, que estimula os clientes internacionais a buscarem carne no Brasil. “Quanto mais vale o dólar, mais vale a moeda do exterior. Quanto maior o poder de compra dele, mais competitiva é a nossa carne”, defende.
Apesar do cenário favorável para a produção de carne suína, a cadeia produtiva brasileira ainda precisa fazer alguns deveres de casa para ampliar o consumo no país e conquistar novos mercados. Lygia Pimentel defende que aprender a fazer marketing é um desses deveres.
“A palavra chave é lobby. Marketing em cima da carne suína. Nós trabalhamos muito pouco esse lobby e ensinamos muito pouco o consumidor a preparar a carne suína. Fora isso, tem o apelo do saudável. O mito de que o suíno não é saudável está ficando para trás. Muito pelo contrário, o suíno é uma carne de excelentes valores nutricionais e qualidade”, avalia Lygia.
A analista também ressalta a atenção que o país tem de ter com a sanidade animal, uma vez que problemas sanitários são capazes de fechar portas no mercado internacional e trazer prejuízos incontáveis. Lygia lançou mão do estado de Santa Catarina como exemplo de excelência em sanidade animal. O estado detém status de zona livre de febre aftosa sem vacinação e está pleiteando junto à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) a condição de zona livre de peste suína clássica. “Isso já faz Santa Catarina estar passos à frente dos outros estados brasileiros”.