A falta de chuvas passou a preocupar também dois criadores de codornas do Alto Tietê que, para economizar, investiram em um sistema de reutilização de água, aproveitando as chuvas que caem no sítio.
Em uma granja em Biritiba Ussu, em Mogi das Cruzes, Roberto Engbruch cria 200 mil aves para postura. Segundo o criador, os 10 mil litros de água que elas bebem por dia garante a saúde e a qualidade dos ovos. Mas a seca começa a preocupar o criador de aves. Roberto conta que a nascente que abastece a granja não está dando conta desse volume.
O criador de aves explica que a água é bombeada até as aves. Um lago onde é despejado a água que não é usada evidencia a estiagem: o nível baixou mais de 30 centímetros e, para não faltar água, Roberto diz que teve que apelar para caminhões pipa. “Hoje nós estamos pagando em torno de R$ 400 a R$ 500 por caminhão pipa”, diz.”E nós estamos com um consumo em que já chegamos a usar em torno de três caminhões por semana, quando o calor agrava por exemplo. Mas hoje estamos com uma média de dois caminhões por semana”, conta. Para não ter que comprar mais água para as aves, Roberto conta que pretende investir em um poço artesiano.
Segundo ele, o investimento em calhas e tubulações para cada prédio chegou a R$ 60 mil. Juntas, todas as cisternas conseguem armazenar até 195 mil litros de água. Mas segundo ele, até esse sistema está comprometido com a falta de chuvas agora.”Não temos um consumo específico previsto por mês, mas nós nunca tivemos problemas com os reservatórios, eles estavam sempre transbordando nesta época, mas hoje nós não temos nada”, diz.
Chocadeira
Em Suzano, o veterinário Marcus Makoto também tem um exemplo de economia de água. No caso dele, a chocadeira funciona girando para um lado e para o outro, para os embriões não grudarem na casca. Por dentro, o veterinário conta que o equipamento é quente e funciona como uma ‘mamãe codorna’ de verdade. “Os ovos ficam dentro dessas máquinas durante 14 dias e, posteriormente, são transferidos para outras máquinas que são as nascedeiras, lá eles ficam por sete dias”, explica.
Cerca de 120 mil codornas nascem toda semana na granja em Suzano. Os filhotes de um dia vão para o Brasil todo e os clientes criam fêmeas para abate ou postura. Já os machos, são doados geralmente para fazerem parte da alimentação de répteis em zoológicos.
Segundo o veterinário, na época de tempo frio as chocadeiras não precisam tanto do sistema de refrigeração. No entanto, quando chega o calor, as hélices são ligadas mais vezes para ventilar e muita água fria circula nas serpentinas de cobre para compensar temperaturas altas. “O ideal é uma temperatura de 37,6 ºC. Quando essa temperatura sobe, a máquina entra automaticamente em um processo de resfriamento que a gente chama de refrigeração. Dentro da máquina há uma serpentina que entra com uma água mais fria, passa dentro do sistema e há uma troca de calor. Isso faz com que diminua a temperatura interna da água”.
A água quente sai das chocadeiras por um sistema de circuito e não é desperdiçada. Ela é transferida para um poço, e depois é bombeada para um tanque com uma capacidade de 500 litros. No tanque, a água é novamente refrigerada por uma espécie de geladeira que esfria a água do tanque a 10ºC. “Já vi empresas que não se preocupam com reaproveitamento da água. Então elas captam a água do reservatório, a água passa por uma serpentina, essa água aquecida ela é eliminada no meio ambiente. O que é um desperdício”, conclui Marcus.