O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e a FAO, o braço das Nações Unidas para agricultura e alimentação, estão prevendo, para a safra 2014/15, aumento da produção e dos estoques mundiais dos três principais grãos: milho, trigo e soja.
No Brasil, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimou ontem que a safra de soja, principal produto da pauta de exportação agrícola do país, crescerá 10%, atingindo 94,8 milhões de toneladas. Essas projeções confirmam a previsão de queda nos preços dos alimentos nos próximos meses, o que favorecerá a redução da inflação no país – por outro lado, prejudicará a renda do setor mais dinâmico da economia brasileira.
No caso do milho – o grão mais produzido no mundo -, o USDA projeta colheita global recorde, de 987,5 milhões de toneladas, quase um milhão de toneladas a mais do que foi colhido na safra anterior, até então a maior da história. Os estoques do produto devem aumentar 10% até o fim da temporada, em agosto de 2015, quando comparados ao ciclo 2013/14.
O USDA elevou também a estimativa da produção mundial de trigo para 719,95 milhões de toneladas, 0,8% além da registrada no período anterior. A demanda também deverá crescer, para 710 milhões de toneladas, mas ainda assim os estoques deverão chegar a 196,38 milhões de toneladas, quase 10 milhões a mais que em 2013/14.
Para a soja, o carro-chefe do agronegócio brasileiro, o quadro é ainda mais desfavorável do ponto de vista do produtor. O governo americano projetou aumento de 9,9% na próxima safra e elevação de 34,8% nos estoques, o que forçará uma queda acentuada no preço da oleaginosa. Ontem, a FAO informou que seu índice global de preços de alimentos voltou a recuar em agosto, pela quinto mês consecutivo, desta vez para o menor patamar desde setembro de 2010.