Foi realizado na manhã do dia 16/09, o 3º Fórum Caminhos da Safra. Realizado na sede da Editora Globo, em São Paulo (SP), o evento buscou discutir os resultados da ação “Caminhos da Safra”, onde os repórteres Rodrigo Vargas, Ernesto de Souza e José Medeiros percorreram quase 7.000 km para avaliar a logística e a infraestrutura do escoamento da safra brasileira de grãos 2013/2014. Foram seis roteiros que atravessaram dez Estados em todas as regiões de Brasil. São eles: Sorriso (MT) – Santarém (PA), Palmas (TO) – Itaqui (MA), Luiz Eduardo Magalhães (BA) – Salvador (BA), Rondonópolis (MT) – Santos (SP), Rio Verde (GO) – Vitória (ES), Cascavel (PR) – Paranaguá (PR).
O Fórum, mediado pelo jornalista e diretor de redação da Editora Globo, Bruno Blecher, contou com a presença Aurélio Pavinato, presidente da SLC Agrícola, Luiz Carlos Carvalho, presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Cláudio Adamuccio, presidente do Grupo G10 e Luiz Antonio Fayet, consultor de logística da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), como debatedores.
Lembrando os presentes que ontem, dia 16, foi dada a largada para Safra 2015 no Brasil, Blecher abriu o evento fazendo um breve panorama da ação “Caminhos da Safra”.Um avaliação positiva em relação a ação feita no ano passado. Em seu relato, destacou melhoras consideráveis no escoamento da última safra de grãos, favorecido por melhor gestão e estrutura logística brasileira. O fim das filas nas estradas do porto de Santos (SP) por conta de um novo sistema de agendamento, a inauguração de novas ferrovias no MT, a construção de armazéns no PR e MA, a construção de hidrovias no PA e pavimentação de estradas em todas as regiões visitadas foram algumas das melhorias. Mas há muito a ser feito.
Aberta a rodada de debates, o convidados fizeram uma série de adendos sobre a situação logística brasileira e custos de produção. Entre eles, uma unanimidade: O Brasil precisa investir em mais portos. “Movimentar nossa produção utilizando-se da estrutura brasileira é mais simples. O problema é chegar no destino, no porto, e não ter como mandar nossa produção para fora. Perde o Brasil!”.
Debate – O presidente da Abag, Luiz Carlos Carvalho, espera novidades para o campo da parte do presidente que assumir o mandato em 1º de janeiro próximo. Ele acha que os candidatos não estão colocando o setor como objeto central nos seus discursos pré-eleitorais. “O agronegócio, com logística precária, tributação alta e dificuldades de armazenamento dos produtos, continua trazendo riqueza ao Brasil e sendo fundamental para a sua balança comercial”, disse Carvalho que ainda defendeu um trabalho de coordenação conjunta entre governo, indústria e produtores para enfrentar os gargalos nos portos, estradas e armazenamento. Aurélio Pavinato, diretor presidente da SLC Agrícola, afirmou que o custo logístico do Brasil deve ser reduzido em 40%. “O custo logístico na Argentina e nos Estados Unidos que oscilava entre US$ 14 e US$ 15 em 2003, hoje se situa entre US$ 20 e US$ 22, um aumento de 50%. Já o custo brasileiro, no mesmo período saltou de US$ 20 para US$ 100 subiu 400%. Perdemos competitividade”, afirmou. Já o empresário Claudio Adamucho, proprietário da maior frota de caminhões pesados do Brasil, declarou que ser caminhoneiro, no Brasil, deixou de ser uma profissão romântica para se tornar uma função de risco. “Hoje o Brasil tem um déficit de 150 mil motoristas”, alertou. Para ele, investimentos em hidrovias e ferrovias poderiam melhorar a situação do setor. “O ideal para os motoristas é percorrer trechos menores, da propriedade até um porto, até um terminal ferroviário. Isso é o correto”. Luiz Antonio Fayet, consultor de logística da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) defendeu a necessidade de investir no escoamento da produção agrícola pelo Norte do país. “O Brasil fatalmente será o o grande produtor de alimentos mundial nos próximos anos. E para atender a crescente demanda, o caminho é escolher as melhores rotas de saída para o mercado internacional”. Para ele, a região Sul e Sudeste do País tem vocação para produzir itens de maior valor agregado e em menores tonelagens, enquanto a região do arco norte deve ser utilizada para escoamento da produção de grãos. Fayet ainda destacou o atraso na legislação de cabotagem [navegação entre portos marítimos do mesmo país] como um entrave à circulação de produtos e ao abastecimento interno. Classificou como absurdo o preço de uma embarcação no Brasil chega a ser o dobro do que é cobrado nos Estados Unidos. “Além disso, o excesso de tripulantes nos cargueiros e a falta de isenção tributária para os combustíveis – que é dada somente para o transporte entre portos de diferentes países – desestimula o abastecimento do mercado nacional”.
Abaixo, Pavinato, Carvalho e Adamuccio comentam os gargalos e desafios que envolvem a logística do Brasil. Confira no vídeo exclusivo feito pela TV Gessulli.
Confira as fotos do evento aqui.
Caminhos da Safra
Clique aqui para ler todo o documento Caminhos da Safra disponibilizado pela Revista Globo Rural e vislumbre tudo o que foi constatado durante a viagem.