O ano de 2013 deve entrar para história do agronegócio brasileiro por conta da projeção de uma supersafra de grãos acima de 180 milhões de toneladas – conforme previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a temporada 2012/13. Apesar das boas expectativas para a agricultura, a pecuária vem de um ano difícil com crise na avicultura e suinocultura e o anúncio do caso “não clássico” de vaca louca. Para o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Mendes Ribeiro Filho, o país está se recuperando dos estragos da seca na safra anterior ao mesmo tempo em que retoma o crescimento do mercado de carnes. Confira a entrevista exclusiva:
– Como o Brasil planeja se desvencilhar dos embargos à carne bovina por conta da informação da “vaca louca”?
O Brasil nos últimos anos manteve um status comercial em elevado nível. E vamos continuar neste padrão. O comércio mundial de animais, carnes e produtos derivados é muito dinâmico e o processo de harmonização dos critérios sanitários de alguns países ao código da OIE (Organização Mundial de Saúde Animal) nem sempre acompanha essa dinâmica. Para esses países, é questão de tempo para ajustes e suspensão das restrições. Apesar dessas suspensões, as exportações brasileiras diárias de carne bovina in natura aumentam 60% na primeira semana de janeiro.
– A avicultura ainda não se recuperou totalmente da crise dos custos recordes. Como o governo administra esse problema?
Ao longo de 2012, sempre atendemos as demandas de todos os produtores disponibilizando recursos e alternativas, e vamos continuar ao lado deles. No ano passado, foram renegociadas as operações de crédito rural, de custeio e investimento acordados por produtores não integrados e cooperativas de produção agropecuária.
– A suinocultura enfrenta mercado limitado e altos custos em função do preço do milho. O governo planeja algum apoio específico ao setor?
O abastecimento de milho em 2013 está sendo acompanhado e os primeiros números indicam uma boa safra. E, havendo necessidade, os recursos para o apoio a comercialização já estão acordados dentro do governo.
– Na véspera do início da colheita, o produtor teme falta de infraestrutura para escoar a produção. Como o governo planeja minimizar os problemas logísticos?
Estamos atentos e buscando iniciativas. Pelas dimensões continentais e a riqueza de nossa terra, não poderiam ser diferentes as dificuldades no escoamento da produção. O que é possível adiantar é a efetivação do Plano Nacional de Abastecimento, a reestruturação da Conab e a continuidade do projeto de regionalização, entre outras estratégias de ação. No caso da regionalização, queremos reduzir as distâncias – otimizar o abastecimento, com a implementação de armazéns para estoques em regiões produtivas que necessitam, eliminando outras estruturas ociosas. Vamos identificar as dificuldades locais de cada setor para induzir o crescimento da produção agropecuária. Quero fazer uma política regional diferenciada, com uma reorganização administrativa.
– O governo recuou no programa de subvenção ao seguro rural nos últimos anos, conforme as reclamações do agronegócio. É possível estruturar o seguro com redução de recursos?
Não houve redução de recursos no ano passado. Pelo contrário. Em 2012, o total direcionado ao programa foi de R$ 329 milhões, o que representa o maior volume já disponibilizado pelo governo para subvenção ao prêmio do seguro rural. Neste ano, o Plano Trienal do Seguro Rural do Ministério da Agricultura prevê R$ 400 milhões, com valores maiores nos anos seguintes – R$ 459 milhões em 2014 e R$ 505 milhões em 2015.