A indústria de máquinas e equipamentos espera que as medidas anunciadas pelo governo ao longo de 2012 surtam efeito sobre a economia neste ano, em meio a sinais positivos de aumento do faturamento no último trimestre e ligeiro crescimento do emprego no setor no fim do ano passado.
Apesar disso, a indústria, que produz bens utilizados na produção de setores que vão desde móveis a petróleo e gás, manifestou preocupação sobre o recente cenário cambial e sobre atrasos de grandes projetos de investimentos no país como os da Petrobras.
Segundo a Abimaq, associação que representa a indústria de bens metal-mecânicos do país, a expectativa para 2013 é de crescimento no faturamento do setor de 5 a 7 por cento, após uma queda de 3 por cento no ano passado para 80 bilhões de reais, que contrariou previsão de crescimento da entidade.
A indústria de máquinas encerrou 2012 com um nível de utilização de capacidade instalada de 75,6 por cento, o pior nível dos últimos 40 anos, e queda de 5,2 pontos percentuais sobre 2011, segundo a Abimaq.
“Há uma sensação de que vai melhorar e achamos que as medidas do governo vão surtir efeito (…) Não esperamos milagres, mas esperamos crescimento do investimento”, disse o assessor econômico da presidência da Abimaq, Mario Bernardini.
“O aumento do faturamento do setor em dezembro (sobre novembro) é resultado da redução de juros do Finame”, acrescentou citando programa do BNDES para financiamento de compra de máquinas e equipamentos novos produzidos no país.
Entre as medidas citadas pela entidade estão a queda dos juros, redução nas tarifas de energia e desoneração da folha de pagamentos de vários setores, incluindo o de máquinas e equipamentos.
Segundo Bernardini, a avaliação é que a formação bruta de capital fixo do país deve ter atingido o fundo do poço entre o final de 2012 e início deste ano, quando deve iniciar uma retomada em meio às medidas de incentivo à economia.
A expectativa da Abimaq é que a taxa de investimento no país cresça acima de 5 por cento em 2013 ante uma previsão de queda de 4 por cento em 2012. O dado final sobre o desempenho da economia no ano passado deve ser divulgado em março pelo IBGE.
Representantes da entidade vão se reunir com o Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, na quinta-feira, e levar demandas sobre defesa comercial do país, disse o primeiro vice-presidente da Abimaq, José Velloso Dias Cardoso. Uma semana depois, haverá encontro com a presidente Dilma Rousseff.
Câmbio – Em 2012, o déficit da balança comercial do setor de máquinas e equipamentos somou 16,82 bilhões de dólares, o que elevou o déficit acumulado desde 2004 a 70 bilhões de dólares, afirmou o presidente da Abimaq, Luiz Aubert Neto.
Porém, o resultado negativo foi o primeiro a mostrar recuo frente ao ano anterior desde 2004. Em 2011, o déficit foi de 17,88 bilhões de dólares.
A queda no déficit foi apoiada no crescimento de 11 por cento das exportações e queda de 0,9 por cento das importações, refletindo a queda do real ante o dólar. Com isso, a participação das exportações no faturamento do setor subiu para 33 por cento em 2012, contra 25 por cento em 2011.
Por isso, a entidade mostrou preocupação com a recente desvalorização do dólar, que nesta semana caiu abaixo do patamar de 2 reais pela primeira vez em sete meses, levando o mercado a acreditar que o câmbio está sendo usada como instrumento para conter a inflação..
“Para ter efeito concreto na inflação, o dólar tinha que voltar ao patamar de 1,60, 1,70 real, o que imagino que não esteja nos planos do governo. A primeira coisa pior no câmbio para o setor produtivo é a valorização da moeda e a segunda pior é a volatilidade”, afirmou Bernardini.
“A dispersão (entre os preços de moeda usados por importadores e exportadores) não reduz preços e aborta o crescimento. Deveríamos estudar formas de levar o câmbio para o patamar de 2,30 real e minimizar o impacto da inflação”, comentou.