Assim como cada um que acompanha meus e outros tantos artigos e notícias deste e outros sites de informações do agronegócio, eu também acompanho e faço – não pela primeira vez – uma análise crítica sobre o poder da notícia, ou talvez nossa fragilidade em relação as mesmas.
A grande repercução sobre notícias envolvendo os problemas em relação ao mercado ucraniano foram suficientes para a verdadeira derrubada nos preços pagos ao produtor. Como somos frágeis, ainda acreditamos que a quaresma é o tempo de menor consumo de carne em um País que faz Carnaval na quarta feira de cinzas e come churrasco na sexta-feira santa?
E que tal levarmos em consideração a última nota circulada por este mesmo meio de comunicação em que afirmava que, apesar dos embargos, a Rússia aumentou as importações em mais de 90%? E não é a Rússia nosso maior importador? Já pensou no reflexo de uma notícia ao inverso?
Falando em mais um embargo, porque quando uma notícia revela um problema existem um reflexo negativo e quando a notícia é solução não reflete em nada no setor suinícola? Somos os grandes responsáveis pelo bom e pelo mal momento do mercado, e quando digo “somos” é juntamente com o setor frigorífico. Por isso a necessidade de vermos e trabalharmos como cadeia e não individualmente.
Ao primeiro comentário de falta de suínos ou reação dos preços acontece a corrente de forças para diminuir a oferta de animais e pressionar os preços para cima. Incrível como nossa organização fica frágil quando, na primeira notícia de sobra de animais ou embargo, ao invés de restringir a oferta, super ofertamos o mercado de suínos vivos e carcaças fazendo com que mesmo a notícia de pouco impacto crie grande repercussão.
Se eu estiver errado, me corrijam, mas me provem que a redução dos valores pagos aos produtores se deram em função da redução do custo de produção em função principalmente do milho e aí muitos frigoríficos -que tem produção própria de suínos – colocam carcaças principalmente ou até animais vivos no mercado a preços lá em baixo, mesmo sendo em pequena quantidade, mas o suficiente para ser referência no mercado.
Somos em menor quantidade, nos profissionalizamos, mas ainda somos incapazes de sermos atores de fato neste segmento. Somos reféns da falta de estratégia e de uma visão unilateral. Enquanto poucos trabalham no individualismo, muitos ou todos pagam pelo reflexo exagerado de noticias que, de fato pouco valor tem, mas ganham grandes proporções nas frágeis cabeças daqueles que não visualizam o todo, apenas o momento.
Wolmir de Souza, presidente do Instituto Nacional da Carne Suína (INCS).