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Mercados

"Crise" no consumo atormenta suinocultura

Embargo ucraniano, que se soma ao da Rússia, provoca queda de preços às vésperas do inverno, época de aquecimento do mercado.

"Crise" no consumo atormenta suinocultura

Depois da crise nos custos de produção em 2012, a suinocultura brasileira enfrenta redução das exportações e do “apetite” da população brasileira. Mesmo com a queda nos preços da soja e do milho no último trimestre – que reduziu o custo da ração -, a rentabilidade do setor segue ameaçada.

O quilo de suíno vivo voltou a ficar abaixo de R$ 3, conforme monitoramento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq), de São Paulo, e da Associação Paranaense de Suinocultores (APS). Em algumas regiões do Paraná, o preço pago ao produtor está abaixo de R$ 2,50. A desvalorização ocorre em plena entrada do inverno, período de mercado aquecido.

Neste ano a sazonalidade não tem funcionado. A queda nos preços do produto foi acelerada com o embargo imposto pela Ucrânia no mês passado. O país, um dos principais clientes internacionais do Brasil, alega que os frigoríficos brasileiros têm problemas sanitários de produção. Especialistas, autoridades e participantes do mercado rebatem a decisão do cliente. Sustentam que o país é referência em qualidade da carne e inspeção.

“O jogo da Ucrânia é o jogo russo. Se há plantas específicas com problemas sanitários, não se deve embargar as compras de um país inteiro”, argumenta Carlos Cogo, sócio-diretor da Cogo consultoria. Apesar do fracasso diplomático, ele diz que haverá insistência. “Mandar carta e missão para a Rússia ou Ucrânia não resolve o problema do Brasil. Eles [clientes] nunca dizem o que deve ser feito. Precisamos ser mais eloquentes. Pressioná-los e descobrir exatamente o que querem. Se preciso, devemos acionar a OMC [Organização Mundial do Comércio] ou o que for”, defende.

Consumo doméstico – Com as vendas embargadas para dois dos principais compradores internacionais – Rússia e Ucrânia -, resta ao Brasil direcionar o volume de carne excedente para o mercado interno. O problema é que o apetite da população nacional segue enfraquecido. Para este ano, a expectativa é de que o consumo per capita caia 2,4% em relação a 2012. Em média, cada brasileiro deve comer 14,6 quilos de carne suína.

Para o criador e ex-presidente da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), Rubens Valentini, o país precisa esquecer o mercado russo e concentrar seus esforços na ampliação do consumo doméstico. Ele esteve em visita a Rússia recentemente e conta que há fortes investimentos sendo feitos tanto em granjas já existentes como em novas plantas. “Eles querem aumentar o rebanho e a produtividade, que ainda é muito baixa”, afirma.