O Adumax, fertilizante orgânico produzido a partir do tratamento de dejetos suínos, será apresentado pela primeira vez ao mercado nacional pela Embrapa Suínos e Aves de Concórdia (SC), unidade descentralizada da empresa de pesquisa agropecuária vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, durante a AveSui 2013, Feira da Indústria Latino-Americana de Aves e Suínos que acontece de 14 a 16 de maio no CentroSul, Centro de Convenções de Florianópolis (SC).
Para se chegar ao novo produto, pesquisou-se um arranjo tecnológico capaz de resolver um problema da cadeia suína, a falta de terra nas propriedades para aplicar os dejetos como adubo. O desenvolvimento do Adumax passou por três etapas: a pesquisa da tecnologia de compostagem, o teste prático da produção e a materialização do produto, que será vendido no varejo (em supermercados e agropecuárias) em unidades de dois quilos.
“O arranjo tecnológico inclui a produção de suínos, com os dejetos (que devem ter uma concentração de sólidos totais acima de 5%) servindo de matéria-prima para a compostagem e o enriquecimento do fertilizante; a compostagem, quando os dejetos são distribuídos por uma máquina em um leito de compostagem com serragem proveniente de madeira de reflorestamento; e a fábrica de adubo, onde o composto orgânico é peneirado e embalado para comercialização”, explica o pesquisador Paulo Armando de Oliveira, responsável pelo desenvolvimento da tecnologia. O lançamento do biofertilizante será feito durante a palestra do pesquisador no dia 14 de maio, no painel “Biomassa & Bioenergia”.
Entre os benefícios do uso do fertilizante orgânico estão a geração de renda pela comercialização do produto; a possibilidade de ampliação do plantel de suínos em uma mesma área; a destinação ambientalmente correta para os dejetos suínos; a baixa emissão de gases de efeito estufa (como; por exemplo; o gás metano); a reciclagem de resíduos da produção; a redução de odores no tratamento; a possibilidade de obtenção de créditos de carbono; o aumento de matéria orgânica no solo; e o fato de ser uma tecnologia contemplada no programa ABC (Agricultura de Baixo Carbono) do Governo Federal.
O Adumax pode ser aplicado em hortas e jardins, além de servir para o reflorestamento e a cultura de grãos. O produto tem a parceria da empresa CTR Indústria de Fertilizantes, de Jaborá (SC).
Além do Adumax, a Embrapa Suínos e Aves leva para a AveSui orientações sobre o manejo pré-abate de suínos, a CIAS (Central de Inteligência de Aves e Suínos), e a galinha poedeira de ovos coloniais Embrapa 051.
O bem-estar no manejo pré-abate de suínos não é apenas uma questão de respeito com os animais. Os cuidados também trazem melhores condições de trabalho nas granjas e benefícios econômicos. As recomendações da Embrapa incluem a retirada dos animais das baias, a condução pelo corredor até o embarcadouro e como deve ser construída a rampa de embarque no caminhão.
O trabalho considera a importância de se preocupar com os animais em todos os momentos prévios ao embarque para os frigoríficos e durante o transporte até a chegada aos abatedouros. O principal cuidado que o produtor deve ter nas horas anteriores ao embarque é manter os animais em jejum. Isso é importante por questões de bem-estar, mortalidade, economia e qualidade da carne. A densidade de suínos nos caminhões, o tempo de viagem e o comportamento dos motoristas ao volante também são cuidados importantes para o bem-estar do animal. O resultado da adoção das práticas de bem-estar no manejo pré-abate reflete no trabalho e na rentabilidade dos produtores e das agroindústrias.
A CIAS (Central de Inteligência de Aves e Suínos) é uma página eletrônica com informações econômicas das duas cadeias produtivas. O site, lançado em 2011, foi desenvolvido pelas equipes de socioeconomia, comunicação e tecnologia da informação da Embrapa Suínos e Aves. A CIAS publica mensalmente os índices dos custos de produção de aves e suínos (ICPFrango e ICPSuíno) e os custos de produção referenciais nos 11 maiores estados produtores do Brasil. Também são oferecidos mapas, análises e cotações dos mercados de milho e de soja, em parceria com outras unidades da Embrapa e da Conab. O endereço é www.cnpsa.embrapa.br/cias.
A poedeira colonial Embrapa 051 oferece uma produção bem superior às aves coloniais rústicas. A Embrapa 051 produz de 280 a 300 ovos a cada ciclo, enquanto uma galinha colonial comum atinge 80. A poedeira da Embrapa também é considerada de duplo propósito, com capacidade para produção de ovos pelas fêmeas e de carne pelos machos (abatidos com 120 dias). A poedeira se destina a criações semiconfinadas ou agroecológicas. Apesar de apresentar características coloniais, ela preserva todas as vantagens da avicultura comercial, como o controle sanitário e a garantia de qualidade do produto oferecido ao consumidor.
A poedeira colonial 051 da Embrapa Suínos e Aves ganhou ainda mais espaço no mercado nacional voltado à avicultura alternativa em 2012. A parceria com a Gramado Avicultura permitiu que fossem comercializadas, em média, 83 mil poedeiras por mês no ano passado, chegando a mais de um milhão de aves no ano, o que equivale a cerca de 3,4% do mercado nacional das poedeiras de ovos vermelhos.
A Embrapa Suínos e Aves participará também do debate conjuntural “Os desafios para um agronegócio competitivo” que abre a programação da AveSui, no dia 14, e terá a presença de outras entidades ligadas às cadeias produtivas; com o pesquisador Marcio Busi que apresenta o estudo do arranjo tecnológico na utilização do biogás para geração de energia elétrica – Caso Tupandi, durante o painel Biomassa & Bioenergia; e com vários trabalhos científicos.