Os gargalos existentes na logística afetam diretamente a competitividade das cadeias produtivas do agronegócio brasileiro. A falta de eficiência no escoamento da produção pode ser traduzida em custos elevados, pagos pelos setores produtivos, e com alto impacto sobre a rentabilidade dos produtores. Mesmo assim, não devem fazer o Brasil perder mercado no comércio internacional de grãos. “Acho muito difícil perder mercado porque existe uma dependência do Brasil. O mundo não tem onde buscar produtos”, afirma o especialista em Agronegócio, Marcos Sawaya Jank. Ele foi um dos palestrantes do Painel Conjuntural, realizado hoje (14/05), na AveSui 2013, em Florianópolis (SC).
Conforme explica Jank, o Brasil se tornou um player muito importante em milho. Neste ano, deve superar os Estados Unidos como principal exportador mundial do cereal. A estimativa é de 25 milhões de toneladas embarcadas ante 22 milhões de toneladas dos norte-americanos. O Brasil já é o primeiro no comércio internacional de soja. “Não há muitas alternativas no mundo. A produção argentina é limitada; nos Estados Unidos hoje não tem. E isto tanto é verdade que muitos navios vem carregar aqui sem ter contrato fechado. Ficam esperando, mas uma hora ou outra sai o carregamento”, comenta o especialista.
A grande questão é que atrasos de um a dois meses para o carregamento nos portos ou mesmo cancelamentos de navios deterioram a imagem no País no comércio internacional. Embora mantenha uma imagem de grande potencial produtivo, tem se agregado a ela também a de baixa credibilidade na hora da entrega do produto. “Há uma desconfiança muito grande em relação à logística brasileira; todos os traders ficam com um ‘pé atrás’”, afirma Jank. Segundo conta, ele mesmo já foi questionado em evento nos Estados Unidos sobre a capacidade de o Brasil escoar sua produção. “Fui apresentar os números de soja e milho do Brasil e um trader me disse: ‘não quero saber se o Brasil vai produzir 76 ou 84 milhões de toneladas de soja; quero saber qual a quantidade que o país conseguirá escoar até a chegada da safra norte-americana’”, conta Jank. Segundo ele, há uma incerteza muito grande da capacidade brasileira de retirar o seu produto do País.