A falta de infraestrutura para escoamento da produção (ferrovias, rodovias, hidrovias e portos) e os elevados custos dos fretes são considerados os maiores obstáculos para o desenvolvimento do agronegócio brasileiro. A questão logística esteve no centro dos debates durante a abertura da Avesui 2013, em Florianópolis, que reuniu na manhã desta terça (14), os palestrantes Marcos Jank, consultor da Agroconsult, Dilvo Grolli, presidente da cooperativa Coopavel (Cascavel – PR), e Leonardo Soluguren, sócio-diretor da empresa de consultoria Clarivi.
Para Dilvo Grolli, da Coopavel, os gargalos logísticos não devem dar trégua nos próximos anos, especialmente em função do aumento da produção de grãos e da necessidade de transporte até o produtor de carnes. “Em 2020 estaremos produzindo, tranquilamente, 260 milhões de toneladas de grãos, em função do aumento da produtividade e da abertura de novas área”, calcula. Hoje o Brasil produz anualmente 184 milhões de toneladas de grãos, um terço dos 550 milhões de toneladas produzidos na China e nos Estados Unidos. Para o consultor Marcos Jank, aproximar o produtor de grãos dos avicultores e suinocultores é o grande desafio para aumentar a produtividade e a rentabilidade no setor. “Não adianta fazer um esforço nas fazendas e nas granjas e pagar caro depois pela falta de infraestrutura e ter uma rentabilidade negativa”, aponta Marcos Jank. A safra de milho do Mato Grosso, por exemplo, chegará para o produtor da região sul na metade do ano com 50% de seu custo devido ao frete. “Para o mercado do nordeste, vai ser mais barato importar da Argentina. O lado mais fraco do agronegócio sem dúvida é a logística”, afirma. Leonardo Soluguren, da Clarivi, usou o exemplo da China durante sua apresentação: “ao contrário do Brasil, eles optaram por realizar investimentos em infraestrutura”.
Contudo, o mercado de carnes deve continuar em crescimento nos próximos anos devido a uma série de fatores como a redução da autossuficiência da China em algumas áreas, a falta de água e terra para produção em vários países e a tendência, na Ásia e na África, de mudança nos hábitos alimentares de consumo de proteínas vegetais por animais. “O mundo ainda vai precisar do Brasil. Por isso, devemos pensar em acordos comerciais com países estratégicos como China, Índia, Indonésia, entre outros. Nosso principal inimigo não são os mercados externos ou o protecionismo, mas a falta de infraestrutura do próprio Brasil”, concluiu Jank.
Resíduo que pode virar renda
Outro ponto de destaque do primeiro dia da AveSui 2013 foi o Painel de Biomassa e Bioenergia, que mostrou como se faz a transformação do resíduo de aves e suínos, um dos principais gargalos do setor, em renda para os criadores, por meio de um processo de compostagem. A solução criada pela Embrapa Aves e Suínos transforma os dejetos em adubo orgânico, que é vendido ao público final nas agropecuárias por até R$ 3 o quilo. “Esse comércio é um mercado em expansão, está aberto, para crescer nas grandes cidades”, afirma o professor e pesquisador da Embrapa Aves e Suínos, Paulo Armando de Oliveira.
Uma feira internacional
O público visitante e expositor saiu muito satisfeito do primeiro dia da AveSui 2013, que segue até quinta-feira, com expectativa de público de 20 mil pessoas em três dias. “A qualidade do público é o mais importante. São pessoas que comparecem à feira desde 2001, visitantes cativos, que vem para fazer negócios”, destaca a diretora do evento, Andrea Gessulli.
Segundo os organizadores, em um ano, dobrou a participação de expositores internacionais da AveSui 2013, principalmente, chineses. “Isso representa uma grande oportunidade tanto para empresários nacionais como do exterior. Resulta em muitas parcerias”, acredita Andreia.
Na terça-feira, será realizada uma rodada de negócios exclusiva entre empresários brasileiros e chineses na feira