O segundo dia do Seminário Técnico-Científico da AveSui 2013, realizada no Centrosul, em Florianópolis, até amanhã (16), dedicou sua programação para os paineis de bem-estar na avicultura e nutrição para suínos, pela manhã, e de reciclagem animal e o sistema de Dark House, à tarde. Ambos os paineis tiveram a presença maciça dos visitantes da feira, que buscavam por mais conhecimento e esclarecimentos sobre temas atuais em discussão.
A preocupação com o bem-estar animal está levando muitas pessoas pelo mundo a mudarem seus hábitos alimentares e deixarem de comer carnes. Segundo pesquisa do Ibope, o Brasil conta com 17,3 milhões de vegetarianos (quase 10% da população), número que vem crescendo também em função de campanhas de entidades vegetarianas, que focam em maus exemplos de produção para desestimular o consumo de carne. “Assim como há classes sociais, temos que entender que as pessoas se dividem também pelos hábitos alimentares. No Brasil, muitos novos vegetarianos são adultos que deixaram de se sentir confortáveis por comer carnes”, afirmou a professora da Daniella de Moura, engenheira da Unicamp que abriu o debate no painel de avicultura.
Neste caso, a solução para os criadores é investir em treinamento para os funcionários e em estruturas e maquinários que aumentem o bem-estar animal nas granjas. “Não devemos ver isso como um problema. É preciso melhorar as condições e tornar estas informações acessíveis à população”, conclui Daniella. No painel de suinocultura, foram detalhados os requerimentos nutricionais necessários para alimentar a produção, as dietas líquidas e os aspectos que podem ser ou não um problema na fabricação de rações.
Recliclagem animal carece de regulamentação
A falta de uma lei que regule a reciclagem animal no Brasil foi um dos pontos discutidos no painel sobre o tema. A reciclagem animal abrange alternativas que mostram o que fazer com os animais mortos, criando um ambiente de biosseguridade. Entre as possibilidades estão a transformação dos animais em farinha de carnes e ossos, gordura ou óleo, fertilizante ou biocombustível. Nos Estados Unidos, por exemplo, são processados 67% dos suínos mortos em criações.
O problema, segundo o especialista da Embrapa Suínos e Aves, Glaucio Mattos, é que não há regulamentação no país para este tipo de prática em criações de aves e suínos. Segundo ele, hoje os animais mortos caem em lagos, são devorados por urubus, mantidos entre os saudáveis, ou seja, não há o correto manejo, o que implica em um sério risco ambiental e sanitário. “Não podemos ficar de olhos fechados para isso, por uma questão de segurança”, alertou Mattos.
A Embrapa Suínos e Aves realizou um estudo amplo em que mostra formas de viabilizar a correta reciclagem animal e aguarda por uma posição do Ministério da Agricultura.
Visitantes estão satisfeitos com atrações da feira
Até amanhã (dia 16), a AveSui 2013 deve receber em torno de 20 mil visitantes. São empresários, criadores, estudantes, professores e curiosos que comparecem à feira para conhecer as novas tecnologias do setor, acumular conhecimento e fazer negócios. É o caso do diretor da Raza Consulti, de Sorocaba (SP), Sérgio Rami, que compareceu à Avesui pela quarta vez e ficou impressionado com a estrutura deste ano. “O evento está mais completo, rico, com mais estandes”, disse Rami, que veio conhecer novos parceiros e prospectar negócios.
O suinocultor Elio Warmling, de Braço do Norte (SC), mantém 900 matizes em parceria com a BRFoods há 15 anos e, para ele, a Avesui é uma feira imperdível para quem quer estar atualizado com o mercado e fazer novos negócios. Warmling visitou o evento para conhecer fornecedores e produtos, além de buscar novas tecnologias em ambiência. “Estou satisfeito, o evento está bem seleto, organizado e com muita inovação”, destacou o suinocultor.
A feira atraiu também quem não é ligado ao setor, mas pretende até mudar de ramo devido às oportunidades de negócios. Daniel Aguera é proprietário de um hotel em Canasvieiras, em Florianópolis, mas reservou um dia para visitar a Avesui, que prestigia pela segunda vez. “Este ano está mais frequentada. Gostei da presença dos chineses, o que é positivo para trazer novas tecnologias”, conta Daniel, que não descarta, no futuro, investir em suinocultura ou avicultura.