O Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou na última semana recuo na projeção de crescimento da economia chinesa para 7,75% neste ano, assinalando como causas a fragilidade da economia mundial e queda das exportações.
Para o ex-ministro das Comunicações [governo FHC] e CEO da Quest Investimentos, Luiz Carlos Mendonça de Barros, a China não está desacelerando, o que aconteceu, segundo ele foi “um esfriamento da economia daquele país no final do ano passado.”
Na avaliação do consultor Fernando Muraro, da AgRural, “a China não parou de comprar, mas aquele ímpeto, aquele brilho se foi”. Ambos foram palestrantes no seminário “Perspectivas para o Agribusiness 2013-2014”, organizado pela BM&FBovespa, realizado na última semana [terça, 28], em São Paulo (SP).
De acordo com Mendonça de Barros, o governo chinês tem o plano de, em dez anos, dobrar a renda per capita que hoje está situada na casa de US$ 1,5 mil ao ano. “O país cresceu tanto, é tanta gente, e, além disso, esse pessoal todo demanda alimentos, e com o aumento de renda, eles vão comer mais, e melhor”, disse em entrevista ao Sou Agro, durante o evento.
Segundo o ex-ministro, o agro brasileiro tem capacidade suficiente para ofertar produtos diferenciados, e assim abastecer o mercado interno e exportar. “Nossa agricultura tem uma estrutura diferente da de outros países, pela sua extensão, pelo clima, tecnologia. Só pelo setor ser tão dinâmico, sobrevivendo aos custos de infraestrutura logística que temos, só por isso ele já é grande.”
Também presente ao seminário, Gavin Maguire, analista de commodities da Thomson Reuters, afirmou que a China continuará aumentando a compra de grãos, mas, segundo ele “mais dos Estados Unidos do que do Brasil, em razão, da nossa logística ruim.”
André Pessôa, da Agroconsult, pontuou que devido aos nossos problemas logísticos, as safras de soja e de milho [2ª] vão, em breve, se encontrar no porto, acentuando o gargalo no escoamento da produção.
Fazendo uma previsão mais em longo prazo, Luis Barbieri, da Louis Dreyfus Commodities, ressaltou que poderemos passar a exportar mais proteína para a China [não só grãos a granel], já que, de acordo com ele, o país asiático tem sérios problemas para produzir mais carne, devido, à escassez de água local.