A JBS pode perder o direito de utilizar as instalações arrendadas da Doux Frangosul, em Passo Fundo (RS), que são objeto de disputa entre os antigos donos, a companhia brasileira e o fundo norte-americano Oppenheimer.
O Oppenheimer, que recebeu a titularidade de ativos como parte do pagamento de um empréstimo feito à Doux Frangosul, pretende vendê-los em leilão, disse Eurico D’Amorim, sócio da IFConsultant Asset Management, que está prestando consultoria ao fundo.
Isso significa que a JBS terá de entrar na disputa para comprar as instalações ou correr o risco de negociar com um novo proprietário.
O Oppenheimer terá de fazer duas tentativas para vender os ativos através de leilão determinado pela Justiça. O preço mínimo para o primeiro leilão deve ficar em torno de R$ 75 milhões, com base em uma avaliação que considera um preço de R$ 25 milhões para o prédio e de R$ 50 milhões para os equipamentos. Se os ativos não forem vendidos na primeira tentativa, um segundo leilão ocorrerá em 30 dias.
Caso a segunda tentativa também fracasse, o fundo terá diretos plenos para vender a unidade e de outras formas, disse D’Amorim.
Além da JBS, há outros três candidatos em potencial, sendo um da América do Norte, um da Ásia e a própria IFConsultant, afirmou o consultor.
De acordo com um porta-voz da JBS, a companhia ainda não foi comunicada oficialmente, mas sabe da decisão do Oppenheimer, e vai avaliar o leilão.
A JBS arrendou a unidade da Doux Frangosul em 2012, como parte de um acordo mais amplo de arrendamento de todas as unidades da companhia no Brasil, por um período de 10 anos e com opção de compra. A unidade de Passo Fundo responde por 40% da produção da Doux Frangosul, segundo D’Amorim.
O Oppenheimer usará os recursos obtidos com a venda para abater um empréstimo de US$ 100 milhões feito à Doux Frangosul em 2008. A processadora de frango conseguiu pagar apenas parte da dívida antes de ficar inadimplente. A dívida, incluindo principal e juros, está em US$ 73 milhões, disse D’Amorim.
O Oppenheimer também está processando a JBS, alegando que a empresa deve pagar a dívida da Doux e que o arrendamento é na verdade uma incorporação. A companhia brasileira, por sua vez, disse que não assumiria as obrigações da Doux.