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Ex-dona da Light, a francesa EDF volta a disputar ativos no Brasil

O principal executivo da EDF fora da França passou três dias no Brasil a negócios.

Ex-dona da Light, a francesa EDF volta a disputar ativos no Brasil

Depois de se desfazer do controle da Light, para se concentrar no mercado europeu, em 2006, a gigante elétrica francesa EDF está retomando sua estratégia para o Brasil. A companhia, que perdeu a disputa do leilão da hidrelétrica de Sinop, confirma o interesse em ser sócia da Eletrobras no projeto, de R$ 1,78 bilhão e 400 megawatts (MW), no rio Teles Pires (MT). A francesa também pretende participar do leilão da hidrelétrica de São Manoel, de 700 MW, no mesmo rio, que deve ser licitada no fim do ano.

“A Eletrobras sabe que nós somos parceiros que desejamos trabalhar com eles, tanto nesse projeto [Sinop] como em outros”, afirmou o vice-presidente de Desenvolvimento Internacional da EDF, Olivier Orsini, em entrevista ao Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor.

O principal executivo da EDF fora da França passou três dias no Brasil a negócios. Na rápida agenda, reuniões com representantes da Eletrobras, Petrobras e Cemig, com quem a EDF firmou parceria para disputar Sinop. Segundo uma fonte do setor, o consórcio formado pelas duas empresas fez uma oferta “competitiva” e ficou bem colocado, mas perdeu para o consórcio Alupar – Eletronorte – Chesf. A Alupar, porém, não pretende ficar com a sua fatia de 51% do projeto.

“Fizemos juntos um excelente trabalho. Isso nos dá vontade de continuarmos colaborando. E, pelo que sabemos de nossas conversas e dos contatos permanentes que temos com a Cemig, acredito que essa vontade é recíproca”, disse Orsini, quando questionado se as empresas podem repetir a parceria para São Manoel.

A EDF também tem planos de disputar o leilão da hidrelétrica de São Luiz do Tapajós, de 6.133 MW, no Pará. A companhia faz parte do grupo de nove empresas privadas e públicas que fazem os estudos preliminares do empreendimento, cujo orçamento estimado é de R$ 18,1 bilhões. “É um projeto apaixonante para nós”, explicou Orsini. O governo pretende leiloar a concessão da megausina em 2014.

Esses projetos fazem parte do plano da empresa de alcançar a marca de 5 mil a 10 mil MW de potência instalada na América Latina nos próximos dez anos. A ideia é que parte significativa desse montante seja gerada no Brasil. “É um objetivo bastante ambicioso, mas não deixa de ser bastante realista, quando consideramos as oportunidades do mercado”, afirmou o executivo.

Segundo ele, num primeiro momento, a companhia pretende expandir sua atuação na área de geração. Em um cenário de médio e longo prazo, ela vai avaliar oportunidades nos segmentos de transmissão e distribuição. “É como se estivéssemos construindo as fundações da casa da EDF no Brasil neste momento”, acrescentou Orsini.

Um sinal dessa guinada estratégica da EDF para o Brasil está na recente mudança de nome do seu único ativo no país. Movida a gás natural, a termelétrica “UTE Norte Fluminense” passou a se chamar neste ano de “EDF Norte Fluminense”. Situada em Macaé, no Norte do Estado do Rio de Janeiro, a usina possui 760 MW de capacidade instalada. A EDF tem 90%, em parceria com a Petrobras, com os 10% restantes.

Sobre a pauta do encontro com a estatal petroleira, Orsini disse que foi falado de tudo. “Teoricamente, temos uma grande diversidade de pontos comuns, discussões entre nós”, afirmou.

Com relação ao programa de desinvestimentos da Petrobras, que pode incluir a venda de ativos de geração de energia no país, o vice-presidente da EDF afirmou: “Essa é uma questão que não nos deixa indiferentes”. Mas disse que não poderia comentar mais sobre o assunto.

Orsini informou que o programa de expansão das atividades do grupo no Brasil não inclui, em um primeiro momento, aquisições de empresas do setor.

O executivo afirmou ainda que tem confiança na “solidez” da legislação brasileira e no ambiente regulatório do setor elétrico. Sobre as recentes mudanças regulatórias, promovidas pela Medida Provisória 579, da renovação das concessões, ele disse que não ficou “chocado” que a decisão do governo busque tornar os custos industriais brasileiros mais competitivos e contribuir também para o poder de compra dos consumidores.