Na esteira do melhor desempenho operacional e do menor impacto da variação cambial no resultado financeiro, a Suzano Papel e Celulose reverteu o prejuízo de R$ 24 milhões registrado no terceiro trimestre de 2012 e obteve lucro de R$ 43 milhões no mesmo intervalo deste ano. Apesar do resultado, a companhia reduziu os investimentos programados para 2013, de R$ 3 bilhões para R$ 2,5 bilhões, e postergou desembolsos de R$ 500 milhões para 2014.
De acordo com o presidente da companhia, Walter Schalka, esses R$ 500 milhões estão relacionados a pagamentos do projeto Maranhão, que serão liquidados, na maior parte, ainda no primeiro trimestre. “No primeiro trimestre, a Suzano praticamente líquida todos os pagamentos do Maranhão”, disse o executivo.
No município maranhense de Imperatriz, a Suzano está construindo uma fábrica de celulose, com capacidade instalada de 1,5 milhão de toneladas anuais e investimento de US$ 2,3 bilhões somente na área industrial. Ontem, dia de divulgação do resultado financeiro trimestral, o presidente da companhia informou ainda que a expectativa é a de início de operação em dezembro.
No passado, a Suzano chegou a sinalizar que a unidade poderia entrar em atividade em novembro. Schalka, porém, vinha reiterando que o cronograma contemplava o quarto trimestre desde que assumiu a presidência da empresa. “Vamos partir conforme o previsto, no último trimestre. O projeto segue dentro do prazo previsto e com investimentos dentro do anunciado anteriormente”, ressaltou.
Com o início de operação da fábrica de Imperatriz, a expectativa é de redução da alavancagem da companhia e maior normalização do custo caixa de produção de celulose consolidado da Suzano.
Do lado financeiro, em setembro, a dívida líquida da Suzano correspondia a 4,8 vezes o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, em inglês). Sem considerar os recursos provenientes da venda da participação no Consórcio Capim Branco Energia e outros itens não recorrentes, esse indicador de alavancagem ficou em 5,1 vezes. À medida que não haverá mais desembolsos relativos ao projeto e que se inicia a geração de caixa da nova fábrica, a tendência é de redução do índice.
Em relação aos custos, explicou Schalka, passado o período de adaptação da nova linha de produção, o custo caixa de celulose na unidade será “bastante competitivo” e contribuirá para o custo global da empresa. No terceiro trimestre, o custo caixa de produção de celulose – apontado por analistas como uma das surpresas positivas do balanço trimestral – caiu 0,4% na comparação anual, para R$ 581 por tonelada, em razão da “eficiência operacional maior nas fábricas, do menor consumo específico de materiais e aumento de produção”, o que diluiu os custos fixos.
Conforme Schalka, esse desempenho se deu a despeito do consumo maior de madeira de terceiros, que tem pressionado os custos de produção da companhia nos últimos meses. “O custo caixa ficou estável, apesar do aumento de R$ 44 por tonelada comparativamente ao terceiro trimestre do ano passado com maior consumo de madeira de terceiros e maior distância de transporte [da madeira à fábrica] em Mucuri”, explicou.
Para 2014, contudo, a expectativa é a de elevação do custo de produção de celulose em Mucuri (BA) – o que pode ter impacto sobre o custo consolidado -, diante do maior volume de compra de madeira de terceiros. Essa tendência seria compensada gradualmente, entre outros esforços, pelo custo de produção inferior do Maranhão. A nova fábrica, de acordo com o diretor de operações da Suzano, Ernesto Pousada, deverá alcançar produção de 1,15 milhão de toneladas em 12 meses. “Esperamos rodar ao ritmo de 100% [da capacidade instalada] em oito ou nove meses”, disse o executivo.
De julho a setembro, a Suzano obteve receita líquida de R$ 1,52 bilhão, com alta de 11,7% na comparação anual. Preços mais altos de celulose e de papel e maior volume de vendas da fibra contribuíram para esse desempenho. O Ebitda da companhia, por sua vez, subiu 51,7%, para R$ 503 milhões.