A Renova tornou-se sócia do empresário baiano Carlos Seabra Suarez na Brasil PCH, empresa que possui sob seu guarda-chuva 13 pequenas centrais hidrelétricas espalhadas pelo Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Goiás. Vem de Suarez o “S” da empreiteira OAS, que ele ajudou a fundar na década de 70, mas da qual já não é mais sócio há muitos anos.
Na semana passada, a Renova concluiu o processo para aquisição das ações da Brasil PCH que pertenciam à Petrobras, que aceitou vender sua participação de 49% na companhia por R$ 650 milhões. A petrolífera implementou um programa de alienação de ativos para concentrar investimentos na exploração de campos do pré-sal.
Se quisessem, os demais sócios da Brasil PCH também poderiam vender suas ações pelo mesmo preço pago à Petrobras. Suarez é sócio da empresa por meio de duas companhias, a Eletroriver e a BSB Energética, que possuem juntas 49% da Brasil PCH. Portanto, ele também poderia receber R$ 650 milhões pelas ações, mas preferiu mantê-las. Apenas um acionista, a Jobelpa, que pertence a um grupo de Campinas (SP), optou por vender sua fatia, de 2% apenas.
Dessa forma, a Renova vai ficar com 51% das ações, desembolsando um total de R$ 676,530 milhões na aquisição.
As usinas da Brasil PCH, que somam 291 MW de capacidade instalada, possuem contratos de venda energia de longo prazo (20 anos) firmados no âmbito do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), criado em 2004. A empresa faturou R$ 311 milhões no ano passado.
A aquisição é estratégica para Renova e foi bem recebida pelos analistas. A maior parte dos projetos de geração da companhia, que hoje se concentram em parques eólicos na Bahia, ainda está em fase de construção. As hidrelétricas da Brasil PCH, ao contrário, já produzem receita. Após a aquisição, a capacidade instalada dos empreendimentos da Renova passa a ser de 1.600 MW, sendo 30% de usinas em operação.
“Gostamos muito dos ativos”, disse o diretor financeiro da Renova, Pedro Villas Boas Pileggi, em entrevista ao Valor. Segundo ele, a empresa estava preparada para adquirir 100% do capital da Brasil PCH, o que lhe custaria R$ 1,3 bilhão. Seriam compradas as ações de qualquer acionista que optasse por vendê-las. Mas a empresa considerava, igualmente, a hipótese de que os demais sócios não alienassem suas participações. As duas possibilidades foram levadas em conta quando o acordo com a Petrobras foi firmado, em junho deste ano, disse o executivo.
Dessa forma, a permanência de Suarez no capital da Brasil PCH não atrapalha os planos da Renova. Segundo Pillegi, apesar de deter 51% das ações, o controle da Brasil PCH continuará sendo compartilhado com os demais sócios. Essa cláusula já fazia parte do acordo de acionista da companhia e a Renova não tem poderes para alterá-lo.
A aquisição da Brasil PCH faz parte de uma operação que também prevê a entrada da Cemig no capital da Renova, conforme fato relevante divulgado em 8 de agosto de 2013 pelas empresas.
A entrada da Cemig no bloco de controle da companhia será feita por meio da subscrição e integralização pela estatal mineira de novas ações ordinárias a serem emitidas pela Renova. Em troca, a Cemig cedeu o contrato de compra das ações da Brasil PCH, que havia sido firmado pela estatal mineira com a Petrobras. Para permitir a entrada da Cemig no bloco de controle, a Renova deve aumentar seu capital em cerca de R$ 1,4 bilhão.