O Instituto Biológico (IB-APTA) é a única instituição do Estado de São Paulo credenciada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para fazer análises morfológicas e moleculares para identificação da Helicoverpa armigera – praga identificada no Brasil pela primeira vez em 2012 e que atinge mais de cem espécies no mundo. O Instituto, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), receberá as amostras coletadas por técnicos da Defesa Agropecuária, agrônomos da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), representantes de associações de produtores, cooperativas e sindicatos rurais. As análises serão custeadas pelo MAPA. Em 27 de novembro, a APTA vai realizar o I Seminário de Manejo Estratégico de Pragas Exóticas, em Ribeirão Preto, para fomentar o debate e o treinamento sobre questões de ameaças fitossanitárias, com foco na Helicoverpa armigera.
O Laboratório de Entomologia Geral do Instituto Biológico, localizado em São Paulo, já é credenciado pelo MAPA, desde 2008, para realizar análise de classificação taxonômica, diagnóstico fitossanitário de insetos, bem como a emissão de laudo oficial de diagnóstico fitossanitário para a importação e exportação de produtos. A unidade tem ainda ISO 9001. “Em junho deste ano, o Ministério também nos credenciou para realizarmos análises da Helicoverpa armigera. Não precisamos fazer nenhuma mudança no laboratório, como reforma e compra de equipamentos, porque já estávamos preparados”, afirma Teresa Jocys, pesquisadora do IB, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA).
Até o momento, 16 amostras, entre feijão, algodão, trigo, citros e eucaliptos já foram analisadas pelo IB. As coletas foram feitas nos municípios de Itapeva, Itaí, Paranapanema, Taquarituba e Pratânia. “Nessas amostras não foi identificada a ocorrência da Helicoverpa armigera. Mas isso não quer dizer que a praga não exista nessas regiões e até mesmo nessas ou outras culturas. Significa que no material coletado e enviado para diagnóstico, a Helicoverpa armigera não foi encontrada e identificada”, afirma Jocys. Outras amostras serão coletadas para serem analisadas pelo Instituto Biológico. Desde o começo deste ano, o IB analisou materiais do Piauí, Goiás, Mato Grosso e Bahia. Em todos esses Estados, foi constatada a ocorrência da praga e já foram tomadas medidas para seu controle.
Todas as amostras coletadas em lavouras paulistas com a suspeita da ocorrência da Helicoverpa armigera devem ser enviadas para análises no Laboratório do Instituto. Apenas o IB pode emitir laudos oficiais sobre a ocorrência da praga no Estado de São Paulo. Segundo Jocys, só serão aceitos para análises materiais coletados pela Defesa Agropecuária, CATI e representantes dos produtores rurais. “Não vamos receber amostras de produtores rurais. Queremos alertá-los e não alarmá-los. Os técnicos e agrônomos responsáveis pelas coletas farão uma filtragem do que pode ou não ser a praga”, afirma.
Muito parecida a olho nu com a Helicoverpa zea – lagarta encontrada na cultura do milho – a Helicoverpa armigera é de difícil identificação no campo, daí a necessidade das análises morfológicas que estão sendo feitas no Instituto Biológico.
Entenda o que é a Helicoverpa armigera
Identificada até o momento em Goiás, Bahia, Mato Grosso e no Sul do Brasil, a lagarta Helicoverpa armigera tem causado muitas perdas para as lavouras brasileiras. Estima-se que na Bahia os prejuízos cheguem a R$ 2 bilhões, devido à ocorrência nas culturas da soja e algodão.
De acordo com Jocys, a Helicoverpa é de difícil controle, porque tem alto grau de destruição. “Essa lagarta não tem preferência, é polífaga, ou seja, come várias espécies de plantas”, afirma. No Brasil, já foi identificada nas lavouras de algodão, milho, soja, sorgo, adubos verdes, feijão, pastagem, citros, café e hortaliças. As perdas incluem produtividade e qualidade.
Outro ponto que dificulta o controle à praga é a falta de agrotóxicos registrados. A Presidência da República autorizou o MAPA a declarar situação de emergência fitossanitária ou zoossanitária, caso seja constatada presença de pragas inexistentes no País ou risco de epidemias e surtos de doenças já existentes. Após declarar a emergência, o Ministério poderá autorizar a importação ou até mesmo a produção e comercialização de produtos, emergencial temporária, não aprovados no Brasil.
Além disso, o Ministério terá autonomia para contratar pessoal por tempo indeterminado para prestação de serviços eventuais em ações de defesa agropecuária. A autorização poderá ser de um ano, prorrogável por mais um. Até o momento, apenas o Oeste da Bahia teve a “Emergência Fitossanitária” decretada, em 4 de novembro deste ano.
Em agosto de 2013, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo constituiu um grupo técnico para realizar um estudo que estabeleça as diretrizes de defesa fitossanitária da Helicoverpa armigera. O grupo técnico de São Paulo é composto pelo Instituto Biológico, Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, Defesa Agropecuária e CATI, todos ligados à SAA.