Lembro que quando eu era criança, em minha terra natal – Erebango – havia um cidadão apelidado de “Vamos Supor”. Ao falar, ele constantemente repetia “vamos supor”…
Leio, atualmente, muitas considerações a respeito do “câmbio” para o próximo ano.
Muitas das conjecturas lembram-me do “Vamos Supor”. No entanto, existem algumas situações concretas que permitem previsões.
A questão referente ao Banco Central dos Estados Unidos – FED – reduzir ou não os estímulos monetários à economia do país, originando maior ou menor oferta de dólares, é discutida já há quase um ano. Originou oscilações cambiais e no valor da moeda americana. Até agora não houve decisão. Muitos entendem que o anúncio ocorrerá a partir de março de 2014.
Enquanto não ocorre, estimula a especulação, que, com o perdão da redundância, enseja práticas especulativas no mercado diário.
Menciona-se que o Banco Central Europeu poderá adotar medidas que também produzirão reflexos cambiais, principalmente no que se refere ao euro, com seus efeitos nas outras moedas.
A prevista maior liberação na economia chinesa também, obviamente, estimula investimentos e tem reflexos cambiais.
No caso específico do Brasil, entendo que o Banco Central age com propriedade.
No passado, praticava swaps cambiais reversos, na tentativa de diminuir a valorização do real. Agora, com o objetivo de impedir abruptas altas do dólar, pratica swaps cambiais, em situação inversa à anterior.
Não promove expressivas vendas de suas reservas, mas, quando necessário, as pratica.
Assim, age criando um sinalizador. Não deseja excessivas valorizações ou desvalorizações da moeda nacional em relação ao dólar.
No meu entendimento, não há previsão, mesmo na base do “vamos supor”, de que ocorram profundas modificações no valor da moeda norte-americana no contexto cambial, imediatamente.
De outra parte, está bem claro que no Brasil o Banco Central age procurando estabelecer, embora a política de flutuação, certa faixa com possibilidade de oscilações.
A política de intervenção reguladora está muito clara.
Para a avicultura e suinocultura, uma situação cambial como a vigente estimula exportações, mas encarece custos de produção, pois as rações são preponderantemente produzidas com commodities – milho e soja – cujos preços, mesmo internos, são ditados pelo mercado internacional.
Neste campo, “vamos supor” que não haja nenhuma modificação internacional abrupta. Não teremos, em 2014, profundos sobressaltos, embora ações do FED com vistas exclusivas à economia dos Estados Unidos possam ocasionar reações de outros países e, ao meu juízo, com intuito também de proteção, venham a se constituir em guerrilhas fiscais.
“Vamos supor”. Mas é possível ter base para prever.