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Insumos

Cai rentabilidade dos grãos no RS

Conjunção entre alta de custos e queda de preços torna cenário menos positivo.

Cai rentabilidade dos grãos no RS

Com o plantio das lavouras de soja e milho quase concluído, os agricultores gaúchos já sabem que vão obter uma rentabilidade menor na safra de verão deste ciclo 2013/14 do que na temporada anterior. Conforme a Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoagro), a queda é resultado da elevação dos custos totais de produção combinada com a redução dos preços pagos aos produtores no acumulado de 12 meses até outubro.

Conforme o economista e responsável técnico da federação, Tarcísio Minetto, o custo de produção da saca de 60 quilos de soja subiu 9,45% no período, para R$ 42,06, enquanto o preço médio ao produtor oscilou 0,2%, para R$ 66,69. Com isso, o ganho por saca chega a 58,6%, ante 73,1% em 2012/12. No último levantamento da Emater-RS, na semana passada, o preço estava em R$ 67,35.

No milho, o custo avançou 5,9% nos 12 meses, para R$ 23,94, mas o preço recuou 16,9%, para R$ 23,53, o que representa uma margem negativa de 1,7% por saca para o produtor, ante resultado positivo de 25,3% na safra passada, segundo Minetto. Na semana passada, segundo a Emater-RS, a saca estava em R$ 23,47.

Já os custos por hectare alcançaram R$ 1,8 mil nas lavouras de soja e R$ 2,2 mil nas de milho, o que significa que os produtores terão que produzir no mínimo 26,5 e 91,3 sacos por hectare, respectivamente, para ter lucro. A Emater-RS e a Conab projetam, pela ordem, rendimentos médios de 43,8 e 45,2 sacas de soja e de 81,8 e 86,8 sacas de milho por hectare na safra atual.

Os custos totais incluem insumos, mão de obra, depreciação de ativos, remuneração da terra, encargos financeiros, Proagro e assistência técnica. A última elevação do preço do óleo diesel, de 8% nas refinarias, anunciada em novembro, não foi incluída no levantamento da Fecoagro e deve aumentar em cerca de R$ 0,50 o custo por hectare das duas culturas. Mas, apesar da redução das margens, o economista reconhece que a situação dos produtores é “boa”, levando-se em consideração os bons ganhos obtidos no ciclo anterior.

Segundo ele, outubro é o ponto de corte da pesquisa porque é neste período em que a maioria dos agricultores conclui a aquisição de insumos. Para os próximos meses, Minetto espera uma relativa estabilidade dos preços da soja na Bolsa de Chicago, mas uma situação mais “complicada” para o milho, devido aos elevados estoques no país depois da safrinha no Paraná e no Centro-Oeste.

Até agora, o aparecimento da lagarta Helicoverpa armigera em regiões produtoras de soja no Estado não provocou danos nem aumentos de custo de produção, explicou o presidente da Fecoagro, Rui Polidoro Pinto. Mas o risco existe.

A presença da lagarta está sendo monitorada pela Secretaria da Agricultura do Estado, pelo Ministério da Agricultura, pela Emater-RS, pela Embrapa e por universidades gaúchas. Segundo Minetto, o cálculo do custo de produção da Fecoagro considera duas aplicações de inseticida nas lavouras de soja, volume considerado normal para a cultura, no valor total de R$ 73,60 por hectare.

A Fecoagro projeta produção de 13 milhões a 13,5 milhões de toneladas de soja e de 5,5 milhões a 5,6 milhões de toneladas de milho no Estado em 2013/14. Conforme a Conab, o Rio Grande do Sul deve colher 13,2 milhões de toneladas de soja e 5,4 milhões de milho, 5,4% e 0,7% mais que em 2012/13, respectivamente.