Depois de atravessar grande parte do dia com fraco movimento de negócios, o mercado dos juros futuros da BM&F ganhou força na reta final da sessão. Os bancos passaram a trabalhar com taxas mais elevadas para os contratos futuros de Depósito Interfinanceiro (DI), sobretudo para aqueles de prazos mais longos.
Esse movimento foi influenciado pelo comportamento dos juros nos Estados Unidos. Por lá, as taxas projetadas nos títulos do governo com prazo de 10 anos subiram na parte da tarde atingindo o patamar de 3% ao ano.
Aqui no Brasil, os bancos que negociam contratos de juros na BM&F resistiram em acompanhar a alta das taxas americanas na maior parte do dia porque as taxas futuras já estavam em níveis elevados. Mas essa posição começou a se tornar mais frágil depois que os papéis do governo americano passaram a pagar 3%, quebrando uma barreira simbólica.
Na BM&F, a taxa de juros projetada nos contratos com vencimento em janeiro de 2017 (o DI janeiro/2017), que acompanham mais de perto o comportamento dos títulos do tesouro americano de 10 anos, subiu até bater na máxima de 12,43%. No fechamento, esse contrato era negociado a 12,38% (ante 12,31%).
“Quando o Treasury [título do governo americano] passou de 3%, todo mundo correu para ajustar posições. Com a liquidez pequena, a reação dos juros longos foi mais intensa”, afirmou Paulo Petrassi, chefe de renda fixa da Leme Investimentos.
Os agentes de mercado seguem especulando sobre o rumo da política monetária americana. Após o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) anunciar que vai começar a reduzir a injeção de recursos na economia, o chamado ‘tapering’, para janeiro, as apostas se deslocam para o momento em que a taxa básica de juros, hoje entre zero e 0,25% ao ano, será elevada.
Embora o Fed tenha acenado com manutenção dos juros perto de zero por um longo período, há analistas que projetam uma alta das taxas de juros nos EUA no fim de 2014, na esteira de uma recuperação robusta da locomotiva americana. “O mercado local ainda está muito ligado ao que acontece com os Treasuries, que devem reagir sempre que houve sinais de aceleração da economia americana”, disse Petrassi.