O Brasil tem condições de produzir 400 milhões de toneladas de alimentos até 2050, contribuindo significativamente para o cumprimento da meta de produção mundial de 2,8 milhões de toneladas estimada pela FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) para alimentar as cerca de 9 bilhões de pessoas que habitarão o planeta em 2050. A previsão é da presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu, ao manifestar-se sobre as previsões da FAO após encontro, na última sexta-feira (10), em Cambridge, nos Estados Unidos, com o professor Daniel P. Sharag, diretor do Harvard University Center for the Environment. O Brasil produz, atualmente, 170 milhões de toneladas de grãos e o aumento da produção, segundo a senadora, será resultado de ganhos de produtividade, sem aumento de área de produção e com a adoção de tecnologias sustentáveis, que contribuirão para a redução das emissões de gases de efeito estufa.
Assim como no resto mundo, a maioria das pessoas que vive nas áreas rurais brasileiras apresenta deficiências alimentares. “Não é apenas a logística ou a baixa tecnologia que faz com que estas pessoas se alimentem mal, mas principalmente a falta de renda”, afirmou a senadora Kátia Abreu. Segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), encomendado pela CNA, cerca de 3,6 milhões de pessoas das classes D e E do campo brasileiro respondem por apenas 7,6% do VBP (Valor Bruto da Produção).
Por esse motivo, a CNA está desenvolvendo junto com a Fundação Dom Cabral, universidade mineira que figura entre as 10 melhores escolas de educação executiva do mundo, um programa de assistência técnica que levará conhecimento e capacitação a esses produtores, para que possam obter maior rentabilidade com suas atividades. O programa vai premiar por mérito os técnicos residentes que conseguirem melhorar a renda dos pequenos produtores.
“Queremos que a população rural alcance um novo padrão gerencial para suas atividades, incluindo as classes D e E no processo produtivo”, disse a presidente da CNA. Dos 5,17 milhões de produtores consultados pelo Censo Agropecuário de 2006, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), cerca de quatro milhões disseram que nunca receberam nenhum tipo de assistência técnica, do setor privado ou do governo, o que representa 77,88% dos produtores brasileiros.