O sol e a baixa umidade no Noroeste do Rio Grande do Sul nos últimos meses fizeram com que as vagens da propriedade do agricultor Eduardo Buzzatti, em Pejuçara, abrissem antes do tempo. Com isso, ele se viu obrigado a colocar as máquinas na lavoura. A variedade de soja foi plantada mais cedo, ainda assim estava prevista para ser colhida na metade do março. O resultado foi uma quebra de pouco mais de 90%.
“No ano passado tivemos uma produtividade média de 61 sacas por hectare, agora estamos entre 6 e 7 sacas por hectare”, diz Buzzatti. O desenvolvimento foi prejudicado pela falta de chuva, que também deixou a plantação baixa. Quando as máquinas passam, algumas vagens não são alcançadas e acabam se perdendo. O que ficou no chão representa 30% da produção na propriedade.
De acordo com análises do técnico agrícola Paulo Zambra, da Emater-RS, a colheita antecipada ocorre em pontos isolados e representa pouco do total produzido no estado. “O grão esta pequeno, com pouco peso, e também a qualidade nutricional dele foi afetada”, explica.
A Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) aponta uma quebra de 35% nas lavouras de soja.
Somados os prejuízos nas outras culturas, a estimativa do órgão é que cerca de R$ 5 bilhões deixem de circular no estado.
Levantamento da Emater (RS) sobre outras culturas
Arroz – O Informativo Conjuntural elaborado pela Emater/RS-Ascar esta semana destaca que a cultura do arroz começa a entrar em fase de colheita com mais intensidade, alcançando, em termos estaduais, 5% do total da área, sendo que outros 13% já estão maduros e por colher. O estudo foi elaborado em São Borja, Itaqui, Maçambará, Agudo e Cacequi.
O desenvolvimento e a sanidade dessas lavouras são considerados normais. Nesse sentido, as últimas chuvas ocorridas nos últimos dias nas principais zonas de produção, localizadas principalmente na parte Centro-Sul do Estado, têm ajudado os rios e riachos a aumentar a disponibilidade de água para a irrigação, o que dá uma sobrevida às áreas que estavam sendo prejudicadas pela forte estiagem.
Feijão – O relatório destaca que também que prossegue a colheita da 1ª safra de feijão no estado, devendo ser finalizada no início de março. As chuvas que voltaram a ocorrer em boa parte das regiões produtoras não influirão no resultado da safra, pois restam apenas 10% da área a ser efetivada. Essas precipitações que melhoraram a capacidade de umidade do solo possibilitam, nas áreas mais prejudicadas com a estiagem, a semeadura da safrinha, que ainda não tem previsão de área definida.
Milho – Devido às condições adversas registradas ao longo do ciclo do milho, com a deficiência hídrica se acentuando a partir de meados de novembro passado, há muita oscilação nos rendimentos alcançados nesta safra. O que foi semeado em agosto de 2011 vem obtendo produtividades próximas a 100 sacos/ha (6 mil kg) em algumas áreas. No que foi semeado após o mês de setembro, esses rendimentos baixam para 3,6 mil kg/ha, ou mesmo para 1,8 mil kg/ha, dependendo da área. Em termos estaduais, porém, a média vem se mantendo em torno dos 2,7 mil kg/ha. No momento, a área colhida representa 36% do total cultivado, existindo ainda 20% já maduros e por colher.
Pastagens – Os campos nativos, com as últimas chuvas, melhoraram sensivelmente a rebrota e, em consequência, a qualidade, mas ainda com baixa disponibilidade de massa verde. As pastagens cultivadas de verão, tanto a anual como as perenes, tiveram um melhor desenvolvimento, aumentando sua capacidade de suporte e qualidade. As pastagens continuam em recuperação após as chuvas, mesmo que esparsas da última semana.