O mercado de câmbio teve novo pregão de forte movimentação. A firme alta da abertura deu lugar a um tímido movimento de baixa, que só tomou forma, mesmo, no fim do dia, conforme as bolsas dispararam por aqui e no mercado externo.
O dólar comercial fechou o dia com baixa de 0,27%, a R$ 1,80 na venda, depois de subir a R$ 1,828 (+1,27%). Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o dólar para abril mostrava queda de 0,24%, a R$ 1,802, antes do ajuste final.
Apesar do incentivo à venda mais firme de moeda, a cautela parece prevalecer nas mesas em função da postura do governo quanto à valorização do real.
O Banco Central (BC) não tem entrado no mercado à vista, mas a Fazenda segue firme com sua postura e seu discurso de não deixar o real se valorizar.
Ontem (13), o ministro da Fazenda, Guido Mantega, voltou ao tema. Disse que a eficácia das medidas é “inequívoca” e se não fosse essa postura do governo, a moeda estaria a R$ 1,40 ou até abaixo disso.
Mantega também voltou a atacar as políticas expansionistas dos países desenvolvidos.
“Somos partidários do câmbio flutuante, mas não podemos fazer papel de bobos e nos deixar levar pela manipulação cambial praticada nos países desenvolvidos”, disse o ministro.
Mantega fala das ações excepcionais do Federal Reserve (Fed), banco central americano, Banco Central Europeu (BCE) e outros bancos centrais, que ampliaram fortemente a impressão de moeda para evitar um colapso do sistema financeiro e dar estímulo à atividade econômica.
Ontem mesmo o Fed reforçou a avaliação de juro próximo de zero até o fim de 2014, mas não deu aceno de que pretender fazer nova rodada de estímulo ou “Quantitative Easing”.
Tal postura do BC americano tem impacto direto na relação euro/dólar. Sem novas medidas de estímulo nos EUA, a tendência é de certo fortalecimento da moeda americana, pois não há no horizonte a possibilidade de o Fed “ligar a impressora” novamente. Ao mesmo tempo, a previsão é de que o BCE pode fazer nova ampliação de liquidez, o que aumentaria a oferta de euros e, consequentemente, tiraria preço da divisa comum europeia.
Ontem, o Dollar Index, que mede o desempenho da divisa americana ante uma cesta de moedas, subiu 0,40%, para 80,16 pontos, maior leitura desde meados de janeiro. Enquanto o euro perdeu 0,54%, para US$ 1,308.
De volta ao câmbio local, mas olhando os derivativos, os fundos locais seguiram na compra e não os estrangeiros, como se suspeitou na segunda-feira (12).
De fato, os fundos apresentam um estoque comprado (pró-dolar) de US$ 11,651 bilhões, sendo que metade dele foi montado na semana passada. Ou os fundos montam posição direcional, ou estão protegendo exposição cambial que estava descoberta.
Mudando o foco para o mercado de juros, as taxas futuras registraram mais um pregão de alta, especialmente os vencimentos de prazo mais dilatado.
Não é só no câmbio que a postura da Fazenda quanto ao dólar faz preço. Aqui nos juros, alguns especialistas já se mostram preocupados com o impacto do dólar mais caro sobre a inflação.
Desde ontem, a preocupação com os preços voltou à cena, depois que as expectativas pioraram para 2013. Fora isso, as coletas diárias não estão com uma cara muito boa.
Não se pode descartar o lado técnico do mercado. Depois do derretimento das taxas observado na semana passada, nada mais natural do que realizar lucros e esperar pela ata do Comitê de Política Monetária (Copom).