Nos últimos seis meses, o preço de exportação de 21 das principais commodities (agrícolas e industriais) exportadas pelo Brasil recuou, segundo o Ministério do Desenvolvimento, que considera a relação entre tonelada de produto vendido e valor de venda. A retração de preços entre setembro e fevereiro também alcança minério de ferro, soja em grão e café – três dos cinco itens da pauta de exportação que geraram mais divisas ao país no ano passado
Para analistas, a desaceleração do crescimento mundial prevista para este ano, o alto patamar dos preços que vigoraram até metade de 2011 e o aumento da área de plantio das commodities agrícolas vão fazer com que os principais produtos de exportação do Brasil rendam menos em 2012 do que no ano passado.
O minério de ferro, item mais vendido em 2011 (US$ 44,2 bilhões), foi comercializado a US$ 135 a tonelada em setembro. Em fevereiro, o preço estava em US$ 96, queda de 29% no período. A soja em grão também teve desvalorização: passou de US$ 521 para US$ 456 a tonelada. O café acompanhou a tendência e ficou 8,3% mais barato, sendo vendido por US$ 267 a tonelada.
Para o diretor da trading InterAgrícola e vice-presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), Marco Antonio Aluisio, está havendo reacomodação de preços no mercado internacional de commodities, aliada ao cenário da economia. “O maior consumidor é a China, que já afirmou que vai crescer 7,5% neste ano ante 9,2% do ano passado. Além disso, há a recessão na União Europeia e o baixo crescimento dos EUA. Não podemos esperar mudanças nesse quadro, então os preços devem cair um pouco mais até o fim do ano”, afirma. As duas únicas commodities que registraram alta de preços nos últimos seis meses foram o petróleo cru (4,8%) e o suco de laranja (40,7%).
Além de concordar com o cenário descrito por Aluisio, o sócio-diretor da RC Consultores Fabio Silveira credita a tendência de recuo nos preços das commodities neste ano a um fator de mercado: com os preços atrativos do ano passado, mais área foi destinada ao plantio, aumentando a oferta para uma demanda agora menor. Apesar da oscilação, o patamar dos preços não deve cair muito.
“Os preços vão ficar em um nível menor, mas ainda bastante satisfatório”, afirma Silveira. O economista, no entanto, prevê que a desaceleração da economia mundial vai afetar a balança comercial neste ano. “O saldo, que foi de US$ 30 bilhões no ano passado, vai ser de US$ 20 bilhões neste ano. As exportações, que ficaram em US$ 256 bilhões, devem cair para US$ 240 bilhões.”