A Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), ao lado das associações estaduais, aproveitou a AveSui América Latina para promover o ato público “Preço justo para produzir”. Realizado agora a pouco, a ato teve o objetivo de chamar a atenção dos atores da cadeia produtiva de suínos, da opinião pública em geral, e principalmente, das autoridades do governo e parlamentares presentes na AveSui, para a grave crise pela qual atravessa a suinocultura brasileira.“Estamos promovendo este ato público em defesa da suinocultura brasileira. Nós, produtores de suínos, estamos passando por um dos momentos mais críticos já vistos na suinocultura nos últimos dez anos. Alguns elos da cadeia estão muito fragilizados e se faz necessário, neste momento, nos unirmos para lutarmos por nossos direitos”, afirma Marcelo Lopes, presidente da ABCS.
O aumento dos preços das commodities agrícolas, verificada desde o final de 2010, agravou-se neste ano e elevou o custo de produção dos suinocultores. Ao mesmo tempo, a franca demanda interna em 2012, típica dos primeiros trimestres, e o afrouxamento das exportações, que patinam neste início de ano, achataram a rentabilidade do suinocultor. Somente entre janeiro e março deste ano, o preço pago pelo suíno ao produtor caiu, em média, 35%.
A situação, segundo os produtores, é alarmante. Hoje, em praticamente todas as regiões produtoras, o preço pago pelo suíno vivo é inferior ao gasto para produzir o animal. De acordo com o presidente da Associação Paulista de Suinocultores (APCS), Valdomiro Ferreira Júnior, em São Paulo, por exemplo, o suinocultor está perdendo R$ 0,80 por quilo de suíno vendido. Esse montante representa nada menos do que R$ 76,00 por cabeça de animal entregue ao frigorífico. “Só para se ter uma ideia do prejuízo, numa granja de 2 mil matrizes, cuja produção anual gira me torno de 54 mil suínos, as perdas chegam a R$ 4 milhões ao ano ou de R$ 330 mil por mês”, afirma Ferreira. “Nenhum produtor é capaz de suportar tamanho prejuízo”, conclui.
Para as lideranças do setor suinícola, o setor necessita de políticas públicas capazes de “blindar” o produtor em momentos críticos como este. Os produtores defendem uma política de abastecimento de grãos para o setor que englobe, por exemplo, a garantia de estoques estratégicos de milho e soja, principais insumos de alimentação dos animais, e direcionados especificamente para a produção de carnes. “Não podemos continuar essa competição desleal entre o mercado especulativo e o produtivo”, argumenta Ferreira.
A ABCS defende também a criação de um mecanismo de garantia de um preço mínimo ao produtor, a exemplo do que já existe para outros setores do agronegócio brasileiro. “Um PL [Projeto de Lei] que trata da criação de um PGPM para a suinocutura já está em tramitação no Congresso. Cada um de nós, suinocultores, temos que pressionar nossos deputados, nossos senadores, para que não só esse projeto seja aprovado, mas para que sejamos representandos na esfera política da forma como merecemos”, afirmou Lopes.