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Economia

Embrapa vê potencial em nicho de mercado de suínos e de frangos caipiras

Entidade montou um programa que continua à disposição, embora os criadores sejam poucos.

Embrapa vê potencial em nicho de mercado de suínos e de frangos caipiras

Nos anos 80, a Embrapa Suínos e Aves (SC) montou um programa para resgatar as linhagens de frangos e porcos caipiras. A intenção era atender pequenos e médios produtores dos Estados de Santa Catarina e Paraná, que tinham nesses animais uma fonte de consumo de carne ou os vendiam ao comércio local. No caso dos suínos, os pesquisadores localizaram exemplares das raças piau, canastra e pirapetinga, muito comuns nos faxinais da região Sul do país no passado- uma forma coletiva de produção agrícola trazida pelos imigrantes europeus há mais de um século – e desenvolveram um projeto de doação de reprodutores.

“Além de oferecer o animal, ensinamos o manejo correto aproveitando a alimentação disponível na propriedade, com grãos e tubérculos, sem abrir mão do controle de doenças e vacinações”, explica o pesquisador Elsio Figueiredo.

O programa continua à disposição, embora os criadores sejam poucos. Apenas quatro deles, no Paraná, interessaram-se pelo projeto nos útlimos tempos. “Por isso, quem investir de forma correta nessa área certamente atenderá a um potencial nicho de mercado”, acredita. Para o pesquisador, existe um movimento ainda não dimensionado de consumidores que buscam resgatar alimentos que não entraram em escala industrial”.

O porco caipira é um deles. Sua história remonta a época de descobrimento do Brasil, quando os portugueses trouxeram raças ibéricas que deram origem às nacionais (piau, tatu, canastra, nilo, caruncho, pereira e pirapitinga). No fim dos anos 50, teve início o controle genealógico dos suínos e a importação de raças, com o objetivo de melhorar a produtividade da criação e aumentar a produção de carne, já que a banha, principal produto dos animais nativos, começava a perder espaço para os óleos vegetais.

Na década de 70, o sistema de integração com as agroindústrias se fortaleceu com a introdução de materiais genéticos trazidos de fora como forma de melhorar a matéria-prima para a indústria. Na época, para diferenciar os preços dos animais comprados nos frigoríficos, eles passaram a ser classificados em três categorias: carne, misto e banha.

“Suínos carne” eram animais de cor branca, descendentes de raças importadas mais recentes (landrace e large white). No tipo misto, estavam enquadrados os animais avermelhados descendentes da raça duroc, que predominou durante muitos anos no Brasil. Na classificação banha, entravam os restantes dos suínos, geralmente de cor preta com as características típicas das raças denominadas nacionais.

Com a padronização dos animais em busca da maior produção de carne, a suinocultura comercial tornou-se uma importante atividade no país, que movimenta cerca de US$ 14 bilhões por ano entre mercados interno e externo. Nos últimos 30 anos, a produtividade teve um considerável ganho tecnológico. O plantel cresceu 9,6% enquanto a produção de carne aumentou 261%.