O embargo russo à carne suína brasileira, que já dura onze meses, pode acabar em breve, disse recentemente Mendes Ribeiro Filho, ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), após se encontrar, no final de março, com Yelena Skrynnik, ministra da Agricultura da Rússia, em Moscou. Pedro Camargo Neto, presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), no entanto, se diz descrente de que o imbróglio envolvendo o país europeu se resolva nos próximos meses.
No início de abril, segundo informações veiculadas no jornal Valor Econômico, o Rosselkhoznadzor, serviço sanitário russo, avisou ao governo brasileiro que a quantidade de frigoríficos que poderão ser habilitados a exportar carnes para a Rússia deverá diminuir, pois considera “problemática” a expansão da lista de permissão sem que ocorra a apresentação de garantias de melhorias sanitárias do serviço veterinário brasileiro.
Já o Mapa informa que, das 139 plantas nacionais de carne em geral cadastradas junto ao serviço sanitário russo, oito estão aptas a exportar, 40 delas se mantêm em controle reforçado (o que implica em exames rigorosos) e 91 têm restrições embargadas. Entre os habilitados, apenas dois processam carne suína – um de Goiás e outro de Minas Gerais – e, mesmo assim, sob controle reforçado. Outros 17 se encontram embargados.
“O ministro já deu declarações desse tipo outras vezes e não houve avanços significativos para dar fim ao embargo”, explica Camargo Neto. Embora tenha participado de reuniões do ministério com as autoridades russas no ano passado, o executivo afirma que ultimamente não tem tido mais notícias sobre os avanços das negociações do governo federal. “A Rússia é obrigada pela Organização Mundial de Comércio (OMC) a importar cerca de 400 mil toneladas de carne por ano. O Brasil tem condições de ampliar sua participação na cota de importações russa”, diz.
Camargo Neto lembra que a adoção de medidas protecionistas pela Argentina no começo do ano também afetou as exportações do setor. “Exportávamos cerca de quatro mil toneladas por mês para a Argentina e hoje só conseguimos vender em torno de 500 toneladas. O ministro chegou a anunciar que estava negociando com o governo argentino uma cota de 3,5 mil toneladas para a carne suína brasileira, mas nada se concretizou até agora”, revela.
Dados mais recentes da Abipecs revelam que o Brasil exportou 74,8 mil toneladas de carne suína no primeiro bimestre de 2012, alta de 1,37% sobre igual período do ano passado. Em contrapartida, a receita obtida com as vendas externas caiu 0,65% em igual base de comparação, para US$ 192,3 milhões, em função da queda de 2% do preço médio da carne suína (para US$ 2,569). Os principais mercados, tanto em volume quanto em receita, foram: Hong Kong, Ucrânia e, mesmo com o embargo, a Rússia.