O grupo português Yser, especializado em produção de resinas vegetais, está em busca de terras em Minas Gerais para formar o que poderá ser sua maior área florestal de pinus. O objetivo é usar a madeira para a produção de carvão e para a extração de resina usada na fabricação de derivados. Hoje, a maior parte da resina que abastece as fábricas do grupo vem da China.
O projeto está orçado em R$ 2,4 bilhões e prevê o plantio numa área total de 100 mil hectares, disse ao Valor, Bernardo Maia principal executivo do grupo, pertencente à sua família.
“Nosso objetivo é começar a plantar já no segundo semestre”, disse ele, que ontem assinou um protocolo de intenções sobre o projeto com o governador de Minas, Antonio Anastasia. A empresa vem procurando áreas no Estado, mas, segundo Maia, ainda não definiu os locais. Os 100 mil hectares serão distribuídos em cinco polos. Mas 90% a 95% dessas terras serão arrendadas.
Limites para a compra de terras por estrangeiros no Brasil continuam em discussão no Congresso. Segundo Maia, a opção pelo arrendamento já faz parte do modelo da empresa, que desde 2000 tem áreas florestais no Estado de São Paulo, das quais cerca de 8 mil hectares são terras próprias e algumas áreas são arrendadas.
Em Minas, o projeto prevê não só o plantio, mas a construção de cinco usinas para a produção de carvão vegetal. “Escolhemos Minas essencialmente por essa questão do carvão vegetal, porque aqui há uma grande concentração de siderúrgicas e usinas de ferro gusa”, disse o empresário. Os dois setores são grandes clientes de carvão e o governo mineiro tem interesse em incentivar fornecedores legais do insumo. Parte do insumo usado no Estado ainda vem de cortes ilegais.
Mas com uma área de 100 mil hectares de pinus, o grupo atenderá também à demanda de seu principal negócio: resinas. A empresa tem duas fábricas no Brasil (São Paulo e Curitiba) e outra em Portugal. “Produzimos 20 mil toneladas de resina por ano e usamos 100 mil. Essa diferença importamos da China, que é o maior produtor mundial. Com esses 100 mil hectares em Minas, vamos diminuir nossa dependência em relação à China.”