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Potencial da biomassa é pouco explorado no País

Representantes do setor defendem uso do produto no país.

Potencial da biomassa é pouco explorado no País

Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. Quando o assunto é o reaproveitamento de resíduos agrícolas e florestais como fontes de energia no Brasil, porém, a tradicional frase do químico francês Antoine Lavoisier parece não se encaixar. Dirigentes de entidades e especialistas que circulam pela 4ª Feira da Floresta, em Gramado, apontam que existe no País um grande potencial para transformar sobras em biomassa energética. Característica explorada ainda sem a eficácia recomendada.

Atualmente, a biomassa representa apenas 5,5% do total do consumo final da energia no Brasil, segundo dados do Balanço Energético Nacional de 2010. Desse montante, de acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), 78,9% vêm do bagaço de cana, 15,5% do licor negro e 4,5% da madeira. “O desperdício no Brasil é muito grande. Apenas no Rio Grande do Sul não são aproveitados 30% da biomassa florestal”a, constata Celso Oliveira, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Biomassa (Abib). Para auxiliar a reverter esse quadro, a Abib sugere a criação de bioparques em polos madeireiros, como ocorre na Europa. Essas estruturas se responsabilizariam por organizar a cadeia, centralizando os resíduos florestais e de fábricas em até 15 quilômetros das fontes de matéria- prima.

Oliveira ainda defende que as indústrias passem a utilizar mais a biomassa energética por meio de artigos como woodchips, pellets e briquetes para atender às necessidades de energia térmica. Nesse sentido, o mercado de pellets (pequenos cilindros com potencial energético até quatro vezes maior do que a matéria bruta) desponta como um dos mais promissores para o País tanto para consumo interno quanto para exportação. O material se constitui em uma energia limpa, sem emissão de gás carbônico. No caso da indústria ela pode substituir as substâncias utilizadas nas caldeiras.

“Temos terra, solo e capacidade para produzir pellet. O Brasil pode ser um dos grandes players mundiais, mas para isso precisa entrar em um regime de produção de 2 milhões de toneladas por ano. Hoje, essa quantidade não chega a 100 mil toneladas por ano”, lembra Rubem Groff, gerente-geral da Andritz Sprout no Brasil. A empresa, de origem austríaca, fabrica equipamentos para a produção de pellets. Groff acredita que a Europa pode ser um comprador expressivo do item no futuro. Hoje, os europeus consomem cerca de 10 milhões de toneladas de pellets anualmente e a tendência é de que essa quantia se eleve para 80 milhões de toneladas em 2020.

Aos poucos, algumas fábricas gaúchas começam a encontrar formas de reaproveitar seus resíduos e gerar receita com eles. É o caso da Piomade, de Farroupilha, situada na Serra. A empresa produz painéis de madeira em pínus e eucalipto desde 1993. Tradicionalmente as sobras da produção eram vendidas para aviários com baixo valor agregado. Situação que mudou a partir do ano passado, quando a companhia decidiu investir em maquinário para desenvolver pellets a partir do material inutilizado. “Estamos destinando todas as sobras para o uso nobre da madeira. Hoje produzimos 12 toneladas de pellets por dia”, afirma a gerente comercial Fabiane Piovesan. Para conduzir esse processo, a companhia aportou R$ 2 milhões no equipamento adequado para transformar as sobras.

Valor suficiente para fomentar uma atividade secundária lucrativa. Apesar de não revelar o quanto a empresa fatura com a comercialização de pellets, Fabiane garante que a alternativa é mais rentável se comparada com a destinação anterior. Atualmente, o produto é negociado com indústrias gaúchas, mas a intenção é distribuir para outros estados do País.