As chuvas e o aquecimento da demanda por fertilizantes, que tradicionalmente começa a tomar corpo em junho no país, já provocam fila de navios no porto de Paranaguá (PR), principal porta de entrada desses insumos no Brasil. Segundo a Appa (Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina), ontem havia 93 navios que aguardavam para atracar e descarregar mercadorias – 47 deles com fertilizantes (cerca de 1,3 milhão de toneladas no total).
A Appa diz que este ano há uma maior concentração de chegada do produto importado. “A entrega não está regular”, diz Luiz Henrique Dividino, superintendente da Appa. Ele acrescenta que as oscilações do dólar também provocaram uma corrida nas descargas dos produtos. Mais de 70% do consumo nacional depende de importações.
Apesar do volume alto de produto parado no porto paranaense – 1,3 milhão de toneladas -, os armazéns de recebimento comportam 2,5 milhões e a Appa diz que 80% de sua capacidade está ocupada. O argumento é que mesmo que toda a carga na fila fosse descarregada, não haveria para onde despachá-la.
A maior concentração de chegada de produto importado neste período deve-se ao uso dos estoques por parte das empresas misturadoras. Segundo a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), as importações diminuíram 22,8% nos primeiros cinco meses do ano ante janeiro a maio de 2011, para 5,72 milhões de toneladas. De acordo com a entidade, os estoques no fim de 2011 totalizavam 5,127 milhões de toneladas, 48,5% maior que em 2010.
Mas Carlos Eduardo Florence, diretor-executivo da Associação dos Misturadores de Adubos do Brasil (Ama), afirma que as importações de fertilizantes estão aumentando diante da forte procura. E a situação no porto de Paranaguá é preocupante. Conforme ele, o importador precisa pagar uma taxa média de US$ 1 por dia por tonelada de produto parado, o que encarece o custo. Além disso, se o problema persistir, o produtor rural pode ser prejudicado com atraso da entrega da mercadoria para o plantio da safra de verão.
Apesar disso, Florence diz que as entregas de adubos para os produtores ainda não foram prejudicadas. No ano passado, as filas em Paranaguá concentraram-se em setembro e outubro, período do cultivo da safra de grãos, em que tradicionalmente a demanda por fertilizantes é maior, apesar de muitos produtores terem antecipado as compras nos primeiros meses do ano.
Segundo levantamento da Scot Consultoria, os preços dos principais fertilizantes na primeira quinzena de junho ficaram estáveis ou registraram ligeira alta sobre maio, mas tiveram valorização sobre junho de 2011. O preço médio da ureia (base São Paulo) foi de R$ 1.365 a tonelada, aumento de 19,4% sobre junho de 2011. Já a cotação do cloreto de potássio granulado ficou em R$ 1.436 a tonelada, alta de 15,8% ante junho do ano passado. Os fertilizantes fosfatados tiveram reajuste de 6,3% no período. A tonelada de fosfato supersimples, por exemplo, custou R$ 754 e a do fosfato triplo R$ 1.312.