Os exportadores brasileiros interromperam hoje os embarques de carne suína para a Argentina devido à suspensão das licenças automáticas de importação e o aumento da burocracia, como apresentação de declaração juramentada junto à Receita Federal e envio de e-mail à Secretaria de Comércio Exterior com pedido de liberação para cada operação de compra.
Pedro de Camargo Neto, presidente da Associação das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Carne Suína (Abipecs), diz que as empresas brasileiras preferem suspender os embarques para não correr o risco de ter as cargas barradas na fronteira pelo fisco argentino a partir da próxima quarta-feira (1º), quando entram em vigor as novas regras.
Na opinião do executivo, a medida tomada pelo governo argentino poderá acabar de vez com o Mercosul, pois acaba com o livre comércio no bloco, afetando a entrada naquele mercado de muitos produtos brasileiros. Camargo afirmou que as empresas preferem suspender os embarques, pois estão em dúvida sobre como será o funcionamento do novo sistema adotado pelo país vizinho, embora em princípio o prazo para liberação das compras seja de 15 dias.
No ano passado, o mercado argentino respondeu por 8,1% do volume das exportações brasileiras de carne suína, ficando em quarto lugar no ranking de países, superado por Hong Kong (25,2%), Rússia (24,5%) e Ucrânia (12,0%).
O volume médio mensal exportado para o mercado argentino ao longo do ano passado foi de 3.464 toneladas, com faturamento médio de US$ 10,7 milhões. No total, as exportações para Argentina no ano passado atingiram em volume 41.578 toneladas (aumento de 18,2%) e em valor US$ 129 milhões (mais 28%).