Tenho acompanhado nos últimos dias notícias, opiniões, artigos e depoimentos sobre a queda na produção de milho e o alto custo de produção de suínos e aves ocasionados por estas intempéries do tempo.
Assunto como qualquer outro que nos traz preocupação ou euforia, mas que são apenas e não passam de “foco de comentários” quando o tema está em evidencia.
Somos sabedores e é de conhecimento de todos que temos vocações diferentes em cada estado, mas que interligados são responsáveis pelo sucesso no PIB Nacional e a sustentabilidade social de milhões de brasileiros.
Sabemos que a vocação de SC, por exemplo, é a produção de carnes (suínos e aves), principalmente pelo relevo e pela cultura de seu povo; vocação e adjetivos que se somam com trabalho, investimentos e reconhecimento do nosso status sanitário – que nos da um grande diferencial no mercado de carnes, mas nos deixa cada vez mais dependentes do setor de grão que igualmente são virtudes e diferenciais de outros estados e regiões.
O que não temos conseguido – nem com nossos textos e nem mesmo com nossas reivindicações feitas por cada setor, tanto dos que precisam do cereal quanto dos que precisam de mercado para o mesmo produto – é uma política de comercialização onde possa viabilize o trabalho e o negócio de ambos. O preço do grão para quem produz não é injusto, mas é irreal para aqueles que compram, o custo dos impostos somados ao alto custo do frete penaliza quem vende e inviabiliza a atividade de quem compra.
A grande dificuldade está na pequena propriedade ou nas compras individuais, a organização de grupos para compras centralizadas e nosso papel, precisamos de ações governamentais no campo da armazenagem, transportes e tributos. Santa Catarina tem um déficit de mais de três milhões de toneladas de milho, imaginem que o valor pago ao produtor de outros estados é acrescido de 50 ou 100% de custos até chegar ao consumidor final.
Nosso futuro, mesmo com as evidentes oportunidades de mercado está comprometido se não tivermos uma política de abastecimento de milho ideal para os estados deficientes. Até que os interesses individuais se sobrepõe aos coletivos; até que não se concretize propostas como a ferrovia norte/sul continuaremos sendo vitimas horas do preço do suíno, horas do custo de produção.
Não basta produzir mais e melhor, é preciso buscar alternativas de sustentação do setor.
Wolmir de Souza é precidente do Instituto Nacional da Carne Suína (Incs)