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Agroindústrias

Credor quer processar JBS por arrendamento de curtume

Credor canadense acusa JBS de adquirir ativos de uma empresa de couro insolvente sem aprovação de seus credores.

Um credor internacional está planejando processar a JBS, maior exportadora de carne no mundo, sob a alegação de que a companhia brasileira adquiriu os ativos de uma empresa de couro insolvente sem a aprovação dos credores, num caso que colocará à prova a legislação falimentar no Brasil.

O credor do curtume, a canadense Maple Trade Finance, divulgou a notificação de um tribunal contendo as acusações contra a JBS e a companhia insolvente, a Xinguleder Couro, e pretende abrir um processo contra elas nas próximas semanas.

Segundo os advogados da Maple, JBS e Xinguleder estão envolvidas em um “arranjo simulado”, que na prática oculta uma aquisição de ativos da empresa pela JBS. A JBS e um representante do acionista controlador da Xinguleder, Arnaldo Frizzo, negaram as acusações, dizendo que suas ações são perfeitamente lícitas.

O Brasil reformou sua lei de falências em 2006, um marco que tornou mais fácil para o setor empresarial do país, captar empréstimos. Mas advogados dizem haver algumas brechas na legislação e sustentam que a aplicação da lei é mais difícil em locais mais distantes das capitais que abrigam a maiorias das empresas, onde os casos podem empacar devido a interferências de tribunais simpáticos a empresas locais.

A Maple e um grupo de importantes credores, entre os quais também estão o Goldman Sachs, o alemão WestLB, os bancos brasileiros BTG Pactual, Banco do Brasil e BNDES são credores da Xinguleder – uma empresa cujas principais operações ficam em Minas Gerais -, no montante de US$ 180 milhões.

Embora nunca tenha sido declarada oficialmente falida, a Xinguleder, que já foi uma das maiores produtoras mundiais de couro, deixou de honrar suas dívidas em 2006. Depois do fracasso das negociações visando uma reestruturação da dívida, a Xinguleder arrendou suas principais unidades produtoras em Uberlândia e Itumbiara para o frigorífico Bertin, por R$ 150 mil, em 2008.

O Bertin, rebatizado Bracol, abandonou o acordo ainda naquela ano. Mas quando a Bracol foi assumida pela JBS em 2009, o frigorífico firmou um novo contrato de arrendamento dos ativos da Xinguleder. A Maple argumenta que os termos do contrato de arrendamento, válidos por 30 anos e renováveis por mais 30, a critério da JBS, durante os quais a empresa também tem permissão para realizar modificações nas unidades de produção sem pedir permissão, implicam uma venda.

“A principal demanda da ação é uma decisão judicial declarando a JBS e a Xinguleder como solidariamente responsáveis por honrar os créditos da Maple”, diz o escritório de advocacia Castro, Barros, Sobral e Gomes, representante da Maple. Os outros principais credores da Xinguleder não comentaram o caso.

Mas a JBS nega a reivindicação, dizendo que o contrato de leasing foi firmado de forma transparente “perante todos os acionistas, clientes, investidores e credores”. “Isso não é uma venda disfarçada”, reforçou. “O aluguel ou arrendamento de ativos é uma prática relativamente comum no Brasil”.

A JBS está envolvida em uma disputa semelhante com os credores de outra empresa falida no mesmo setor, a BMZ Couros. E os credores também estão atentos à decisão do frigorífico de arrendar os ativos da Doux Frangosul no país.