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Economia

Tombini reitera aceleração do PIB e inflação na meta

Presidente do BC reforça prognósticos de que economia brasileira começou a dar sinais de retomada e que crescimento tomará velocidade.

Tombini reitera aceleração do PIB e inflação na meta

Em dois momentos, ontem, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, reforçou os prognósticos de que a economia brasileira já começou a dar os primeiros sinais de recuperação e que o crescimento tomará velocidade no fim deste ano, quando o país estará crescendo ao ritmo de 4% anualizado, ao mesmo tempo em que a inflação convergirá para a meta de 4,5%.

Em entrevista a jornalistas estrangeiros e, pouco depois, durante um pronunciamento na solenidade de lançamento das novas cédulas de R$ 10,00 e R$ 20,00, Tombini procurou dissolver o mau humor que tomou conta dos mercados desde a última quinta-feira. Garantiu que o IPCA, a despeito do inesperado dado do IPCA-15 deste mês, não vai disparar este ano nem em 2013 e que o nível de atividade estará mais forte no último trimestre do exercício.

O ambiente internacional adverso, segundo ele, acentuou a defasagem entre a tomada das medidas de estímulo fiscal e monetário e seus reais efeitos na economia. O BC já cortou a taxa Selic em 4,5 ponto percentual, para 8% ao ano, e liberou cerca de R$ 60 bilhões em depósitos compulsórios.

Tombini salientou que o país criou 1,2 milhão de novos empregos nos últimos doze meses, apesar de os dados do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged), divulgados ontem, terem mostrado uma desaceleração na criação de novos postos de trabalho. Em junho foram abertos 120.440 empregos formais, resultado abaixo do previsto e 44% menor que em igual mês de 2011.

O presidente do BC lembrou, ainda, que os salários cresceram 3% em termos reais na mesma base de doze meses. Disse que os dados de inadimplência começaram a melhorar tanto nos débitos em atraso de 15 a 90 dias quanto nos de mais de 90 dias. Indicou, também, que a expansão do crédito no mês passado foi mais intensa.

A cena externa, para o presidente do BC, “é desafiadora”, mas a probabilidade de um evento extremo hoje é menor, acredita.

Ontem foi um dia especialmente ruim para os mercados internacionais, tendo à frente a crise na Espanha, onde, além dos problemas bancários, os governos regionais se mostram insolventes. Mas, para ele, o Brasil está bem posicionado para atravessar esse período.

O país recebeu US$ 6,5 bilhões em investimentos estrangeiros diretos em junho, o ritmo de ingresso desses investimentos continua forte em julho, segundo Tombini, e a conta de IED será suficiente para cobrir o déficit em conta corrente do balanço de pagamentos este ano. Acumulados em doze meses, os investimentos somam US$ 64 bilhões. O segundo colocado na região é o México, com quase US$ 20 bilhões, ou seja, um terço do ingresso no país.

Os estoques da indústria, com as medidas de incentivo ao consumo – sobretudo da indústria de automóveis – caiu para os níveis do início do ano passado. Mesmo que os estímulos fiscais sejam de duração temporária, o fato é que foram suficientes para remover do setor um nível de estoque que inviabilizava o aumento da produção que, agora, pode começar a ocorrer.

A desvalorização do real representa uma ajuda à indústria local, não necessariamente para incentivar as exportações – dada a situação da economia mundial – mas principalmente para substituir as importações por produtos produzidos internamente.

A redução da inflação, que em setembro do ano passado estava no patamar de 7,3% em doze meses e hoje é de 4,9% até junho, foi “significativa” e “disseminada”, com queda tanto nos preços livres quanto nos administrados. Houve recuo inclusive nos preços do setor de serviços, que têm sido mais resistentes nos últimos anos como reflexo de uma melhor distribuição da renda.

Diante das imensas incertezas que rondam a economia global, o presidente do BC considera prematuro focar a política monetária no controle das expectativas inflacionárias do próximo ano, quando os mercados estimam algo em torno de 5,5%.

O relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI), divulgado na semana passada no âmbito do estatuto da instituição multilateral, “corrobora” a visão do Banco Central sobre a economia brasileira, ponderou Tombini.

Ele adiantou, também, que o governo prepara um conjunto de medidas para reduzir o preço da energia e retomar as concessões de serviços públicos ao setor privado nas áreas de portos, aeroportos, ferrovias e rodovias.

O anúncio dessas medidas poderá ocorrer no dia 7 de agosto, segundo fontes do governo, quando a presidente Dilma Rousseff terá uma reunião com empresários.