O governo precisará ajudar a escoar ao menos 3 milhões de toneladas de milho das áreas produtoras no Centro-Oeste para as principais áreas de consumo no Sul do Brasil e minimizar os altos preços internos da commodity, disse o presidente da União Brasileira da Avicultura nesta terça-feira. “(O apoio) Precisaria ser no mínimo para três milhões de toneladas para mexer com mercado… Tem muitos especuladores hoje – e não é o produtor – e eles estão confortáveis”, disse Francisco Turra, presidente da Ubabef, a jornalistas após sair de reunião com o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, em São Paulo.
Ex-ministro da Agricultura na gestão de Fernando Henrique Cardoso, Turra questiona o sistema adotado pelo governo para decidir sobre programas de apoio aos produtores, que passa por avaliação de vários ministérios e o Banco Central.
“Parece que o governo não se dá conta da urgência da situação… é preciso que abastecimento se normalize”, disse. “Mostrei hoje ao ministro um clipping, tem empresas no Paraná fechando por problema de crédito”, acrescentou.
A Ubabef avalia que cerca de 15 das cerca de 80 empresas associadas estejam em dificuldades, ou seja, sem acesso a crédito, reduzindo turnos e cortando produção. E estima que mais de 5 mil pessoas já foram demitidas.
“E este é um momento que nós deveríamos aproveitar, porque os americanos estão anunciando uma redução de 15 por cento na produção avícola”, disse Turra.
Produção Menor
“Isso significa um milhão de toneladas a menos de carne de frango disponível… tanto para o mercado interno como externo”, acrescentou.
Entidades regionais também têm pedido ao governo apoio para obter o milho necessário para alimentar as aves em meio à restrição no Sul do país, que teve quebra de safra após a estiagem que afetou a região.
Em comunicado divulgado nesta terça-feira, o presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc), Marcos Antônio Zordan, e o presidente da Coopercentral Aurora Alimentos, Mário Lanznaster, também pediram que o governo adote algum subsídio para escoamento dos grãos.
As cooperativas querem um subsídio de 5 reais por saca de milho através do programa VEP (valor para o escoamento da produção) para o transporte do cereal disponível nos armazéns da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Já Turra argumenta que um programa do tipo VEP seria muito pouco para o setor, dado o volume limitado de estoques do milho em armazéns da Conab, sendo suficiente para cobrir apenas 15 dias de consumo das avícolas. Segundo ele, a maior parte do grão armazenado no país está nas mãos do setor privado.
Mas ele ponderou que o setor ainda não tem uma confirmação sobre que tipo de instrumento de política agrícola o governo poderia adotar.
O Brasil exportou volume recorde de milho em agosto, e o governo decidiu monitorar as exportações do cereal, soja e farelo, atento ao abastecimento do mercado interno. Embora a produção e estoques de milho do Brasil estejam em níveis recordes, a disponibilidade é restrita nas áreas de consumo.
Segundo ele, a expectativa agora é o mercado chinês, que deve habilitar mais 7 plantas em breve, elevando para 31 o número de unidades que poderão exportar carne de frango para a China. Além disso, acrescentou, mais 8 unidades ainda poderão ser incorporadas, elevando as exportações para o grande consumidor asiático.