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Economia

Linha de ação divide países do G-20

Eventuais medidas para conter a volatilidade das commodities e afastar o risco de crise alimentar global divide os países do G-20.

O governo francês iniciou ontem as articulações diplomáticas junto a outros países do G-20 para tentar convocar uma reunião ministerial na FAO, em Roma, em 16 de outubro, para coordenar posições contra a excessiva volatilidade de preços e para afastar o risco de uma nova crise alimentar global.

Mas Paris precisará ser muito convincente. Os Estados Unidos devem assumir a presidência do Foro de Reação Rápida a crises em outubro, e até agora têm se mantido contra esse tipo de encontro ministerial. Americanos e brasileiros, com peso central na decisão, estão entre os que acreditam que isso pode alimentar pânico no mercado e ser contraproducente. Ainda mais quando não há explosão de preços nem crise no fornecimento das commodities.

Foi com um silêncio glacial, na expressão de um negociador, que as articulações da França foram recebidas ontem entre países do G-77 reunidos na FAO. A diplomacia francesa começou a contactar os países do G-20 para vender sua ideia de reunião. Mas a tarefa pode ser complicada também para os franceses depois que o presidente François Hollande e o diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva, defenderam publicamente a formação de estoques estratégicos de alimentos – o que também surpreendeu negociadores.

A ideia de se criar um estoque estratégico apareceu no governo de Nicolas Sarkozy, há dois anos, antes da cúpula do G-20 em Cannes. Nunca foi formalizada como proposta – e, mais como um balão de ensaio lançado por Paris, explodiu no ar diante da enorme reação de países produtores agrícolas.

Agora, a impressão entre importantes negociadores é que Hollande, com a popularidade em declínio e fazendo ajustes na linha oposta do que prometera, tenta uma iniciativa na agricultura para compensar parcialmente sua dificuldade politica interna. A ideia de se criar estoques estratégicos de alimentos está longe de ser clara. Para exportadores, o temor sempre foi que sempre a “conta” acaba, pelo menos em parte, para eles.

A FAO tem insistido que uma reunião do Foro de Reação Rápida, para casos de crise alimentar, poderia ser importante para os países se comprometerem em evitar restrições a exportação ou que os importadores não corram ao mercado tentando comprar tudo o que puderem e assim elevar os preços, como ocorreu na crise de 2008. Mas vários exportadores, incluindo o Brasil, sempre quiseram evitar a discussão sobre restrições a exportação, mesmo se não forem aplicadas – quando, em contrapartida, países desenvolvidos não querem nem ouvir falar de discutir os persistentes e bilionários subsídios agrícolas.