O Mercosul e a União Europeia (UE) negociam para avançar, até março, no fechamento de um acordo entre os dois blocos na área comercial. A próxima rodada de discussões ocorrerá em em Bruxelas, na Bélgica. O otimismo parte dos negociadores europeus, apesar das dificuldades em torno de um consenso sobre os subsídios e a redução de tarifas para alguns produtos. Por mais de dez anos, as negociações entre os dois blocos ficaram paradas.
“Vamos ter que liberalizar 90% do nosso comércio, para ser compatível com as regras da Organização Mundial do Comércio. Portanto, fica o resto que temos que discutir como vamos fazer”, afirmou o representante da UE no Brasil, o embaixador português João José Soares Pacheco.
Entre as maiores “sensibilidades” de cada bloco, Pacheco coloca, do lado europeu, a área agrícola, citando de forma diferenciada os setores de carnes e açúcar. No Mercosul, o setor industrial é a mais sensível a uma abertura ao livre comércio com a União Europeia.
Há mais de uma década, os dois blocos buscam um acordo bilateral para a área comercial. Em 2004, por total falta de consenso, as negociações foram interrompidas. Depois, os negociadores retomaram as conversas em 2008. Mas o impasse permanece. No ano passado, os europeus fizeram exigências adicionais ao Mercosul.
Uma das exigências dos europeus para o Mercosul era que para exportar para a UE fosse elevada a abertura na indústria para quase 100%. A recomendação sugeria ainda a inclusão do transporte marítimo no setor de serviços e garantias de proteção na área de propriedade intelectual.
Segundo os negociadores do Mercosul, a União Europeia tende a melhorar a oferta agrícola. A expectativa é que o número de cotas que limitam as vendas do Mercosul, sem tarifa no bloco, seja reduzido. No ano passado, as negociações retiraram essa condição para grãos, etanol e lácteos, mas mantiveram para carne bovina, de frango e alho.