No ano passado, o milho safrinha foi plantado na época certa, porém, a estiagem começou mais cedo e em abril as chuvas já estavam escassas. Mesmo assim, Mato Grosso fez uma grande colheita, 8,7 milhões de toneladas. Em 2011, apesar do atraso no plantio da soja – que retarda a semeadura do grão – e da redução prevista de 10% na área cultivada, a safrinha de milho poderá atingir novo recorde, atingindo pela primeira vez a marca de 9 milhões de toneladas no Estado.
A previsão foi feita ontem pela Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja), que aponta o fator climático como o principal motivo do crescimento da produção de milho em 2011.
“Se em 2010 tivemos um regime de chuva satisfatório no começo do plantio e semeamos 1,9 milhão de hectares, este ano a situação é inversa: vamos plantar em torno de 1,7 milhão de hectares, mas vamos colher tanto quanto no ano passado ou até mais, porque apesar do atraso no plantio da soja – que abre espaço para o plantio do milho -, o regime de chuvas deverá ser melhor, ou seja, não teremos estiagem durante o desenvolvimento da cultura, como aconteceu em 2010”, afirma o diretor administrativo da Aprosoja, Carlos Henrique Fávaro. Chovendo até maio, a produção poderá superar a safra anterior, devendo ficar entre 8,5 milhões e 9 milhões de toneladas.
Fávaro informou que o plantio do milho safrinha deverá começar no final do mês, com o avanço da colheita da soja. Até o final da semana passada, segundo ele, apenas 0,3% da área de soja havia sido colhida no Estado. A colheita de soja superprecoce deverá ir até o final de janeiro, permitindo o início do plantio da safrinha de milho.
Preços – De acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o mercado interno de milho começou 2011 com preços melhores em relação ao ano passado, devido aos baixos estoques tanto em nível nacional quanto internacional. Segundo Carlos Fávaro, os preços atuais do milho estão excelentes, porém, praticamente não há mais produto disponível no mercado. Quem guardou um pouco de milho para comercializar agora acabou lucrando mais, pois os produtores chegaram a vender o milho ao preço de R$ 15 a R$ 17 (valor do produto e prêmios já incluídos) nos leilões da Conab.
Nas últimas semanas, os preços dispararam no mercado interno mato-grossense, subindo cerca de R$ 2,50 a saca (SC) de dezembro para janeiro. A primeira semana de 2011 foi marcada por uma reação à demanda do cereal, devido sua escassez no mercado interno.
Mercado Futuro – Fávaro informou que, este ano, parte da safra de milho vai ser vendida pelo mercado futuro. “Este sistema de vendas é bom para o produtor, que pode travar preços e fixar uma quantidade de produtos para entrega futura com remuneração dos custos. Isso dá estabilidade e segurança ao produtor durante o período de plantio”. Ele estima que em 2011 entre 20% a 30% da safra mato-grossense de milho deve ser comercializada pelo mercado futuro.
Segundo o Imea, o valor nominal para a saca disponível em Nova Mutum (269 quilômetros ao norte de Cuiabá) está entre R$ 15 e R$ 16. Já o preço futuro do cereal ficou em torno de US$ 7/saca, cerca de R$ 12, em Nova Mutum e Lucas do Rio Verde. Para Campo Verde (139 quilômetros ao sul de Cuiabá), o valor pago por saca para entrega em junho de 2011 indicado pelos compradores é de R$ 14,50/saca.